A Sombra da Violência Sobre o Palco Eleitoral de 2026
Brasília, DF – Enquanto os holofotes políticos tradicionalmente se voltam para as flutuações da economia e o poder de compra do cidadão, uma nova e sombria realidade emerge para dominar o debate das próximas eleições. A violência, em suas manifestações mais brutais, ascende ao topo da lista de preocupações dos brasileiros, redefinindo as prioridades e o discurso dos postulantes a cargos públicos em 2026.
Como repórter e analista do D-Taimes, meu olhar está atento à intersecção entre o poder político e as mazelas sociais que afetam o dia a dia. A recente megaoperação contra uma facção criminosa no Rio de Janeiro, que resultou em um alarmante número de 121 mortos, é mais um capítulo em uma narrativa de violência que, lamentavelmente, se torna rotina. Diferente de eventos passados como Carandiru e Vigário Geral, a comoção atual carrega uma inquietude que parece ir além do lamento momentâneo.
O Peso da Urna: Uma Nova Métrica para 2026
Dados da pesquisa Genial/Quaest de outubro são inequívocos: 30% dos eleitores ouvidos apontam a violência como o maior problema do Brasil. Este percentual é significativamente superior aos 16% que se preocupam com a inflação, historicamente um termômetro decisivo para eleições. A máxima de que “os preços elegem ou derrubam governantes” está, pela primeira vez em muito tempo, ameaçada pela urgência da segurança pública.
A retórica política pós-tragédia é, para o cidadão comum, exaustivamente previsível: projetos emergenciais, debates, reuniões. Contudo, a ausência de soluções palpáveis e duradouras tem sido a tônica, e a frustração popular atingiu um ponto de inflexão. O eleitor de 2026 não se contentará com promessas vazias; exigirá medidas concretas e resultados visíveis. O governador Cláudio Castro, ao defender a atuação estatal como “legítimo exercício do poder-dever de proteção da sociedade” diante de “organizações criminosas de perfil narcoterrorista”, ecoa um sentimento que precisa ser traduzido em ação eficaz, sob pena de reprovação nas urnas.
Dinâmicas Regionais e o Cenário Político Ampliado
Para além do eixo central da segurança, o cenário político regional também apresenta movimentações que merecem atenção. Em Mossoró, a gestão do prefeito Allyson Bezerra mostra sua rigidez, resultando no afastamento do vereador Wiginis do Gás, que, por sua vez, opta pela “independência” na Câmara. Tais desentendimentos, por menores que pareçam, são indicativos de fissuras que podem se aprofundar à medida que 2026 se aproxima.
No Rio Grande do Norte, a possibilidade de uma aliança familiar entre o vice-governador Walter Alves (MDB) e seu primo Carlos Eduardo Alves (PSD), com a benção do ex-governador Garibaldi Filho, sugere que laços de sangue ainda são fortes na política potiguar. Paralelamente, a prisão de Abraão Lincoln por falso testemunho na CPMI do INSS acende um alerta sobre possíveis desvios de recursos para campanhas eleitorais de 2024, ressaltando a importância do combate à corrupção, um tema perene no ciclo eleitoral.
A cassação do mandato do prefeito de São Miguel do Gostoso, Leonardo Teixeira, por uso da máquina e abuso do poder econômico nas eleições de 2024, demonstra que a Justiça Eleitoral está vigilante quanto à lisura do processo. A presença do vice-prefeito de Mossoró, Marcos Bezerra, no Smart City Expor World Congress em Barcelona, também aponta para a busca por inovação e desenvolvimento urbano, temas que, embora ofuscados pela segurança, permanecem relevantes para a gestão pública.
Em suma, as eleições de 2026 se desenham sob o imperativo da segurança. Não será a inflação o único ou principal catalisador do voto, mas sim a capacidade dos governantes de oferecerem respostas concretas e eficazes a uma população exausta pela violência. Meu trabalho, no D-Taimes, é exatamente este: desvendar as camadas do poder e expor como as decisões e as omissões impactam a vida do cidadão, em um jornalismo que questiona, aprofunda e contextualiza. O desafio para a classe política é monumental: transformar a comoção em ação, antes que a reprovação nas urnas seja o veredito final.
