Olá, sou Alice Drummond, repórter e analista do D-Taimes. Minha lente está sempre voltada para a intersecção entre o poder político e as engrenagens corporativas, e como suas dinâmicas reverberam no cotidiano do cidadão. Hoje, trago uma análise sobre os recentes desdobramentos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, um episódio que lança luz sobre a fragilidade das estruturas democráticas e os limites da atuação judicial no Brasil.
Tornozeleira de Bolsonaro: Violação e Prisão Preventiva que Reacendem o Debate sobre a Fuga de Autoridades
Na madrugada do último sábado, 22 de novembro de 2025, um alarme de violação de tornozeleira eletrônica soou, marcando o prelúdio para um acontecimento de alta voltagem política: a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro. O dispositivo de monitoramento, que deveria garantir sua permanência dentro das condições impostas pela justiça, foi alvo de uma tentativa de remoção com materiais de soldagem, um ato que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou como de “prioridade máxima”.
A violação, ocorrida às 0h07 e confirmada cerca de uma hora depois, levou à imediata substituição do equipamento e serviu como uma das principais justificativas para a decisão de Moraes. Segundo o ministro, a tentativa de danificar a tornozeleira eletrônica, somada à proximidade da residência de Bolsonaro com embaixadas estrangeiras em Brasília — um trajeto de menos de 15 minutos, como ele próprio destacou —, reforça o risco de fuga.
Não é a primeira vez que a questão da fuga para embaixadas surge no cenário. Em fevereiro de 2024, Bolsonaro passou duas noites na Embaixada da Hungria, logo após ser alvo de uma operação da Polícia Federal. As investigações, conforme a decisão de Moraes, já apontavam para um plano de buscar asilo na Embaixada da Argentina, utilizando-se da inviolabilidade diplomática garantida pela Convenção de Viena de 1961, da qual o Brasil é signatário. Esse expediente, de buscar refúgio em solo estrangeiro para evitar a ação da justiça, não é inédito e já foi cogitado por outros atores políticos. O ministro fez questão de citar os deputados Alexandre Ramagem, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro, que, em diferentes momentos, também deixaram o país sob a mira da Justiça, reforçando o padrão de comportamento de risco que embasou a prisão do ex-presidente.
A Lei de Execução Penal é clara ao determinar que o monitorado tem o dever de zelar pelo funcionamento do equipamento, abstendo-se de qualquer tentativa de remoção, violação, modificação ou dano. Qualquer problema não solucionado é considerado descumprimento, com as devidas providências judiciais. A prisão preventiva de Bolsonaro, neste momento, não marca o início de cumprimento de pena por tentativa de golpe, mas sim uma medida cautelar que visa garantir a ordem pública e a instrução processual, impedindo novas violações e potenciais fugas.
Este episódio acende um alerta sobre a necessidade de um sistema de justiça mais robusto e transparente, capaz de lidar com a polarização política e a tentação de se utilizar de brechas e artifícios para driblar a lei. O D-Taimes seguirá acompanhando os desdobramentos, buscando sempre aprofundar a análise sobre as complexas relações entre poder, justiça e o impacto dessas decisões na vida democrática do país.
