Como Alice Drummond, repórter e analista do D-Taimes, mergulho nas dinâmicas que moldam o cenário político nacional. A recente disputa entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o governo federal, em torno da sabatina de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF), não é apenas um embate burocrático; é um sintoma da complexa intersecção de poderes em Brasília, com repercussões que tocam a essência da governança.
Tensão em Brasília: Alcolumbre Acusa Governo de ‘Interferência’ em Sabatina Crucial do STF
Brasília, 30 de novembro de 2025 — O Salão Azul do Senado Federal se transformou, neste domingo, no palco de uma nova e contundente crítica do poder legislativo ao executivo. Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente da Casa, elevou o tom ao acusar o governo de interferência indevida no cronograma da sabatina de Jorge Messias, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal.
A questão central, como apurado, reside na ausência dos documentos obrigatórios de Messias, essenciais para o início da análise de sua indicação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Sem certidões negativas e registros profissionais, a sabatina, inicialmente prevista para 10 de dezembro, encontra-se inviabilizada. Alcolumbre avalia que esse atraso, provocado pelo próprio governo, gera um ruído desnecessário e pressiona de forma inadequada o calendário legislativo.
Em nota oficial, o presidente do Senado foi enfático ao defender a autonomia do Poder Legislativo. “O Senado tem a prerrogativa constitucional de definir seu próprio cronograma”, declarou. Ele reiterou que “qualquer tentativa de sugerir ajustes fora das regras constitucionais configura interferência indevida” e que o prazo estabelecido segue os padrões de sabatinas anteriores, visando evitar que a votação crucial seja postergada para 2026, ano de eleições gerais.
A crítica de Alcolumbre transcende a mera questão processual. Ele descredenciou veementemente a ideia de que divergências entre Legislativo e Executivo seriam resolvidas por meio de “troca de cargos ou liberação de emendas” – uma prática comum e muitas vezes opaca nos bastidores de Brasília. Para o senador, tal narrativa não passa de uma “estratégia para desmoralizar institucionalmente” aqueles que se opõem às pautas do governo.
Essa análise sublinha um ponto crítico para o D-Taimes: a luta pela transparência e pela integridade das instituições. A nomeação para o STF, embora uma prerrogativa do Presidente da República, exige o crivo do Senado. É um equilíbrio delicado de poder que, quando tensionado, revela as fragilidades e as forças do nosso sistema democrático.
O episódio da sabatina de Jorge Messias, portanto, não é apenas um contratempo no calendário. É um lembrete vívido da constante tensão entre os Poderes, da importância do respeito às regras do jogo e da vigilância necessária para que a autonomia das instituições seja preservada contra quaisquer formas de ingerência, veladas ou explícitas. A forma como essa crise será gerenciada dirá muito sobre a saúde de nossa democracia e a capacidade de Brasília de “descomplicar o poder” para o cidadão comum.
