Prezados leitores do D-Taimes, sou Alice Drummond e, em minha análise hoje, mergulhamos nas recentes revelações da pesquisa Genial/Quaest, que acendem um alerta sobre a trajetória da popularidade do Presidente Lula e as complexas dinâmicas que moldam a percepção do eleitorado brasileiro.
Segurança Pública Freia Ascensão de Lula, e Desaprovação Retorna a 50%, Aponta Quaest
A “lua de mel tardia” do governo Lula com o eleitorado independente, impulsionada por indicadores econômicos favoráveis e a percepção de alívio com o “efeito tarifaço”, parece ter chegado ao fim. Dados da pesquisa Genial/Quaest, divulgados nesta quarta-feira (12), revelam uma inversão na tendência de melhora da popularidade presidencial: a desaprovação ao governo voltou a atingir 50%, com a aprovação estagnando em 47%.
Desde julho, o presidente vinha observando uma curva ascendente em sua avaliação. Em maio, a aprovação era de 40%, subindo para 48% em outubro. No mesmo período, a desaprovação recuou de 57% para 49%. Contudo, o cenário atual mostra um “empate técnico” dentro da margem de erro de dois pontos percentuais, marcando a primeira reversão nesse ciclo positivo. A avaliação do governo como “positivo” caiu para 31%, enquanto a percepção “negativa” subiu para 38%.
O diretor do instituto Quaest, Felipe Nunes, é categórico: o tema da segurança pública foi o principal freio. “Se o tarifaço mudou a trajetória da aprovação a favor de Lula, a segurança interrompeu a melhora. O tema mobiliza o eleitorado independente, que é quem mais oscila”, afirmou Nunes. A virada ocorreu após declarações do presidente sobre operações policiais nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que trouxeram a pauta da criminalidade para o centro do debate público, ofuscando os ganhos na economia.
Para uma parcela significativa dos entrevistados (45%), o presidente saiu mais fortalecido do recente encontro de líderes, com 39% acreditando que sua posição permaneceu inalterada e apenas 11% o considerando enfraquecido. No entanto, mesmo uma agenda internacional produtiva não foi suficiente para compensar o desgaste gerado pelas questões de segurança doméstica.
Felipe Nunes ressalta que a estagnação na aprovação se deve a três fatores persistentes: a lenta evolução na percepção de que o país caminha na direção certa, o não cumprimento efetivo de promessas de campanha e a falta de uma confiança sólida na “boa intenção” do presidente. A pesquisa indica que, embora medidas como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil sejam bem avaliadas, não se converteram em crédito político duradouro. “Os resultados mostram que o eleitor ainda não vê as promessas virarem realidade. O motor da aprovação está funcionando em marcha lenta”, conclui o pesquisador.
A pesquisa Genial/Quaest ouviu 2.004 pessoas com 16 anos ou mais, entre os dias 6 e 9 de novembro, com margem de erro de dois pontos percentuais e nível de confiança de 95%. Os dados sublinham a fragilidade da base de apoio entre os eleitores menos alinhados e a urgente necessidade de o governo endereçar as preocupações com a segurança pública, que se mostram cada vez mais determinantes na avaliação da gestão federal.
Por Alice Drummond, D-Taimes.
