Roberto Macêdo: A Partida do Patriarca da Indústria Cearense e o Futuro de um Legado Bilionário
Por Alice Drummond, D-Taimes
Fortaleza se despede de um dos seus mais influentes pilares empresariais. Roberto Proença de Macêdo, aos 81 anos, ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e presidente do Conselho de Administração do Grupo J. Macêdo, faleceu nesta terça-feira, 11 de novembro de 2025. A Fiec, em nota de pesar e decreto de luto oficial de três dias, sublinhou a importância de Macêdo como um dos mais proeminentes industriais do Ceará, cuja trajetória se entrelaça com o próprio avanço econômico da região.
A morte de Roberto Macêdo não é apenas a perda de um empresário; é o encerramento de um capítulo significativo na história econômica do Nordeste. À frente do Grupo J. Macêdo, ele e seu irmão Amarílio deram continuidade ao visionário trabalho iniciado por seu pai, José Dias de Macêdo. Juntos, consolidaram um império que transcendeu gerações e fronteiras, com um patrimônio familiar estimado pela revista Forbes em cerca de R$ 4 bilhões.
A J. Macêdo, com mais de 85 anos de existência, é um testemunho da capacidade de inovação e adaptação. De uma origem modesta em Camocim, a família Macêdo soube identificar oportunidades, desde a representação da Jeep no Brasil – um passo crucial para a mobilidade no interior do Ceará – até a entrada estratégica no setor de moagem de trigo. Em um tempo em que o trigo era escasso, a audácia de importar um moinho desativado da Itália, e a posterior parceria com a gigante Bunge, pavimentaram o caminho para que a J. Macêdo se tornasse uma das principais processadoras de trigo do país.
O grupo, hoje com nove marcas e oito unidades industriais, é o principal importador de trigo do Brasil, em parceria com a M Dias Branco e o Grande Moinho Cearense. A marca Dona Benta, um ícone nacional em farinha de trigo, é a face mais conhecida de um complexo industrial que se estende por moinhos e fábricas de massas, biscoitos e snacks em diversas regiões do país.
A análise do D-Taimes aponta que a gestão de Roberto Macêdo foi marcada por uma expansão nacional estratégica, aquisições importantes como a Brandini e Petybon, e uma constante modernização industrial. Sua liderança, descrita pelo atual presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, como pautada por “coragem, disciplina, transparência e compromisso com o desenvolvimento coletivo”, reflete uma filosofia empresarial que vai além do lucro, visando o impacto social e a geração de empregos.
Em um cenário onde as decisões em Brasília e nos centros financeiros ecoam no dia a dia do cidadão, o legado de Roberto Macêdo nos lembra da força do empreendedorismo local e do impacto que figuras visionárias podem ter no desenvolvimento econômico e social. O Grupo J. Macêdo, agora sob a condução da terceira geração e com a expertise de executivos como Irineu José Pedrollo, continua a ser um player vital, distribuindo seus produtos amplamente nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil.
A partida de Roberto Macêdo deixa uma lacuna no empresariado cearense e brasileiro, mas seu legado de ousadia e compromisso com o progresso permanece como um farol para futuras gerações de líderes.
