Brasília, RN – Em meio aos corredores da política potiguar, a sucessão para o governo do Rio Grande do Norte em 2026 já se desenha com contornos nítidos, e outros, preocupantemente nebulosos. O senador Rogério Marinho (PL), figura central da direita no estado, não apenas reafirmou sua pré-candidatura ao D-Taimes, como também revelou o arranjo de sua chapa, que promete impactar diretamente as bases de partidos outrora alinhados.
Marinho, em um movimento estratégico, anunciou o ex-prefeito de Natal, Álvaro Dias (de saída do Republicanos), e o senador Styvenson Valentim (PSDB) como postulantes ao Senado em sua composição. Contudo, a grande surpresa e, ao mesmo tempo, o sinal de alerta para a atual gestão de Mossoró, reside na permanência do prefeito de Natal, Paulinho Freire (União Brasil), no projeto de Rogério Marinho. A decisão de Freire é um indicativo claro da incerteza que paira sobre a candidatura de reeleição do atual prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra. Fontes próximas aos articuladores políticos de Marinho indicam que há um forte ceticismo quanto à viabilidade da candidatura de Allyson, sobretudo em virtude de uma investigação em estágio avançado que apura irregularidades em sua administração. A aposta é que, sem o foro privilegiado de um chefe do executivo, Allyson hesitaria em renunciar ao cargo para disputar o governo, deixando-o exposto às investidas da Justiça.
Do outro lado, o prefeito de Mossoró, através de seus interlocutores, garante que não recuará. “Talvez eu não seja o mais popular, mas tenho coragem e senso de dever para fazer o que é certo”, teria afirmado Marinho em referência à sua própria determinação, ecoando a retórica de enfrentamento que deve pautar a campanha. Enquanto isso, o MDB, sob a liderança do vice-governador Walter Alves, movimenta suas peças. A intenção é alçar o vereador mossoroense Cabo Deyvison a uma disputa por uma vaga na Câmara Federal, reconhecendo sua ascensão e viabilidade política. O partido também se prepara para receber os deputados estaduais Kleber Rodrigues (vindo do PSDB) e Hermano Morais (ex-PV), além de contar com a filiação do ex-prefeito de Assú, Dr. Gustavo Soares, para a disputa de deputado estadual.
O cenário de investigações, uma constante no intrincado jogo de poder brasileiro, também lança suas sombras. A “Operação Sem Desconto”, que apura desvios de recursos de aposentados do INSS, tem como provável alvo de prisão o ex-candidato a deputado federal Abraão Lincoln, presidente de uma confederação de pesca utilizada para o escoamento do dinheiro. Em outro front, no campo progressista potiguar, a candidatura de Cadu Xavier para o governo do RN ganha força, com a garantia da presidente estadual do PT, Samanda Alves. Paralelamente, o professor Alexandre Lima (PT), secretário da Agricultura Familiar do RN, se coloca como opção para a Câmara Federal, impulsionado pela deputada estadual Isolda Dantas (PT).
Fora do eixo potiguar, mas servindo como um eco das fragilidades da gestão pública, a Polícia Federal trouxe à tona um caso emblemático em Sorocaba. O “prefeito tiktoker”, Rodrigo Manga, afastado do cargo, é acusado de liderar uma organização criminosa que drenava dinheiro público. A imagem cuidadosamente construída nas redes sociais, que o retratava como um “bom menino”, não resistiu à apuração dos fatos, demonstrando a superficialidade de narrativas digitais frente à responsabilidade e ética no serviço público. Este caso, embora distante geograficamente, ressoa como um alerta sobre a necessidade de vigilância constante sobre as figuras públicas e a importância de um jornalismo que vá além das aparências.
O panorama para 2026 no Rio Grande do Norte se apresenta complexo, com articulações intensas, disputas por espaço e o peso das investigações a moldar o futuro político do estado. Para o D-Taimes, é fundamental continuar a descortinar essas dinâmicas, garantindo que o cidadão comum compreenda as verdadeiras forças em jogo por trás dos palanques e das promessas.
