Pressão Política em Mossoró: Vereador é “Expulso” por Recusar Apoio à Primeira-Dama
Mossoró, RN – Em um cenário de crescentes tensões políticas na Câmara Municipal de Mossoró, o vereador Wiginis do Gás (União Brasil) veio a público denunciar o que descreve como uma “expulsão da base governista” por se recusar a apoiar a pré-candidatura da primeira-dama, Cinthia Pinheiro (PSD), nas eleições de 2026 para a Assembleia Legislativa.
Durante discurso na Tribuna da Câmara nesta quarta-feira, 5 de novembro de 2025, Wiginis do Gás, que cumpre seu segundo mandato representando o bairro Aeroporto, zona oeste da cidade, afirmou que sua decisão de não endossar a campanha da esposa do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) resultou em uma série de retaliações. O vereador já havia declarado apoio ao deputado estadual Ivanilson Oliveira (União Brasil) e à pré-candidatura de Nina Souza (União Brasil), esposa do prefeito de Natal, Paulinho Freire, à Câmara dos Deputados.
As consequências, segundo Wiginis, não tardaram a aparecer: pessoas indicadas por ele para cargos comissionados foram exoneradas e seus espaços na máquina pública foram eliminados. “Fui expulso da base por não aceitar apoiar a primeira-dama”, declarou o vereador, enfatizando seu direito de escolher quem apoiar. “Não estou em quartel, estou na Câmara, exercendo o papel de vereador representante do povo”, afirmou, rechaçando qualquer interferência em sua posição política.
O parlamentar ainda revelou a forte pressão exercida pelo prefeito sobre os vereadores, chegando ao ponto de serem repreendidos por “curtir uma postagem da oposição ou subscrever uma simples moção de aplauso”. Wiginis do Gás, no entanto, garantiu que a perseguição não o fará recuar de suas escolhas. “Só baixo a cabeça nesse mundo para Jesus Cristo na hora que estou orando”, sentenciou.
Reeleito em 2024 com a nona maior votação para a Câmara Municipal, totalizando 3.214 votos, Wiginis do Gás esclareceu que, apesar dos acontecimentos, não pretende integrar o bloco de oposição, optando por uma postura independente. “Vou seguir meu trabalho, não como oposição, mas em defesa do povo de Mossoró, principalmente pelo meu bairro, como sempre fiz”, pontuou.
Apesar da saída de Wiginis, a base do prefeito Allyson Bezerra na Câmara de Mossoró permanece sólida, com 16 dos 21 vereadores mantendo apoio ao executivo municipal. A oposição conta com apenas quatro parlamentares.
A situação, conforme analisado pela reportagem, serve como um “recado” do prefeito à sua bancada, sinalizando que a “desobediência” nas eleições de 2026 não será tolerada. A meta do Palácio da Resistência, sede da Prefeitura, é garantir uma votação expressiva para Cinthia Pinheiro na disputa pela Assembleia Legislativa. Atualmente, dos 21 vereadores mossoroenses, 10 já apoiam abertamente a pré-candidatura da primeira-dama, enquanto outros seis governistas, embora não reforcem a campanha de Cinthia, não entraram em confronto direto com o prefeito.
