O Pulso Acelerado dos Pequenos Negócios: 82% Agem por Urgência, Não por Estratégia, Revela Estudo da Visa
Em um cenário econômico volátil e desafiador, as pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras se veem em uma corrida contra o tempo, muitas vezes à custa da estratégia. Uma pesquisa inédita da Visa, em colaboração com a consultoria BMC, e antecipada à CNN Brasil, lança luz sobre essa realidade: 82% das PMEs não esperam o “momento ideal” para tomar decisões, reagindo de forma emergencial às necessidades mais prementes. Para o D-Taimes, essa estatística não é apenas um número, mas um retrato vívido das pressões que moldam o dia a dia do empreendedor comum e, por extensão, a economia do país.
A análise do “Panorama PME Brasil” revela que, em vez de um planejamento robusto, a gestão de muitos pequenos negócios é guiada por uma agenda de “apagar incêndios”. Carla Mita, vice-presidente de Marketing da Visa no Brasil, corrobora essa percepção, destacando que “os empreendedores tomam decisões financeiras de forma muito pragmática, reagindo ao dia a dia e priorizando soluções que geram impacto imediato no negócio”. Contudo, a questão que se impõe é: essa “pragmática” é uma escolha estratégica ou uma resposta inevitável a um ambiente que oferece pouca margem para a reflexão a longo prazo?
Nesse contexto, a gigante dos pagamentos se posiciona como um pilar de apoio, sublinhando a importância de se intensificar a educação e a capacitação financeira dos empreendedores. A Visa defende uma atuação consultiva, pautada na inteligência de dados para “entender padrões, antecipar necessidades e desenvolver soluções que simplificam processos, reduzem custos e aumentam a eficiência das empresas.” É uma movimentação estratégica de um grande player para otimizar o ecossistema de seus parceiros e clientes, que são a base de sua operação.
O estudo aprofunda a compreensão desse cenário ao revelar uma surpreendente lacuna digital: 46% das PMEs ainda recorrem a métodos não digitais, como cadernos e papel, para gerir suas contas. Isso acontece apesar de 82% afirmarem ter algum contato com a tecnologia, e 31% já terem experimentado soluções de inteligência artificial. Essa disparidade indica que, embora haja uma familiaridade crescente com o digital, a plena integração de ferramentas de gestão e automação ainda é um desafio significativo.
A desconexão entre o conhecimento e a aplicação prática da tecnologia, somada à tomada de decisões reativas, acende um alerta sobre a sustentabilidade e o potencial de crescimento de milhares de negócios no Brasil. As decisões tomadas em Brasília e nos grandes centros financeiros, que definem políticas de crédito, taxas de juros e o ambiente de negócios, têm um impacto direto sobre essa capacidade de planejar e inovar.
É imperativo que as iniciativas de capacitação não se limitem a ferramentas, mas que promovam uma verdadeira cultura de gestão estratégica e digital. O sucesso do pequeno empresário não é apenas a prosperidade de um indivíduo, mas o fortalecimento de uma das molas propulsoras da economia brasileira. E, como Alice Drummond, no D-Taimes, continuo a questionar: estamos, de fato, oferecendo as condições para que esses empreendedores possam olhar além do amanhã, e construir o futuro com a estratégia que merecem?
