Bem-vindos ao meu espaço! Sou Alex Braga, e hoje mergulhamos fundo nas palavras de um campeão, alguém que sabe o peso da camisa amarela: Ricardo Rocha. O tetracampeão mundial, em sua participação no CNN Esportes S/A, fez uma análise cirúrgica do momento da Seleção Brasileira, um diagnóstico que ressoa em todos que respiram futebol.
A escolha de Carlo Ancelotti como novo treinador foi elogiada pelo ex-zagueiro, que confia plenamente na capacidade do italiano de gerir um vestiário complexo. “Eu confio nele cegamente”, afirmou Rocha, destacando a experiência de Ancelotti à frente do Real Madrid como prova de sua habilidade em comandar equipes de elite. Para Ricardo, o Real de Ancelotti “é mais do que muitas seleções”, uma chancela de peso para o novo comandante técnico.
No entanto, o cerne da cobrança de Rocha recai sobre os próprios jogadores. Ele exige uma mudança de postura, um comprometimento que transforme o desempenho individual nos clubes para o coletivo da Seleção. A frase do atacante Rodrygo, do Real Madrid, é lapidar: “Nós precisamos transformar o que nós jogamos nos clubes na Seleção, que isso ainda não aconteceu”. E é exatamente esse o ponto: a equipe pentacampeã precisa reencontrar a intensidade, a sinergia e a ‘liga’ que fazem a diferença no futebol de alto nível.
A falta de liderança também foi um ponto crucial na fala de Rocha. “Esses jogadores precisam dar a cara”, disse ele, enfatizando que não se trata apenas de palavras, mas de atitude, de uma voz forte e pesada dentro do vestiário. Um vestiário que, segundo o ex-defensor, tem sido “muito conturbado, com muita polêmica” nos últimos anos. A chegada de Ancelotti, com sua seriedade e capacidade de “matar no peito” os problemas, é vista como um antídoto para essa realidade.
O recado de Ancelotti a craques como Neymar, sobre a importância de chegar em boa forma, é um sinal claro da linha dura que o técnico pretende implementar. Não há espaço para o “mais ou menos” quando se veste a camisa da Seleção.
Ricardo Rocha ainda trouxe à tona a questão da identidade e do espírito coletivo, comparando a geração atual com as vitoriosas de 1994 e 2002. As derrotas, para ele, são lições valiosas. “Nós perdemos 90 para ganhar 94. A geração de Roberto Carlos perdeu 98 para ganhar 2002. A derrota ensina muito.” Uma reflexão profunda sobre a resiliência e a capacidade de aprendizado que parecem ter se diluído em parte da nova safra de jogadores.
É uma nova geração, com hábitos diferentes, onde “se dorme individual” e a conexão talvez não seja a mesma dos tempos de concentração em quartos compartilhados. O desafio, portanto, vai além da tática: é resgatar o espírito de equipe, a alma de um Brasil que, mesmo em campo, sempre foi uma expressão de coletividade.
A análise de Ricardo Rocha serve como um alerta e um chamado. A Seleção Brasileira tem talento, mas precisa de alma, de liderança e de um “futebol de clubes” — aquele jogado com garra, compromisso e a paixão que move os grandes vencedores. Ancelotti tem a missão de acender essa chama novamente. E nós, claro, estaremos de olho em cada passo dessa jornada.
