Bem-vindo ao meu espaço, torcedor e leitor! Sou Alex Braga, e hoje trago uma análise que pode sacudir as estruturas da nossa paixão nacional, o futebol. Uma pesquisa recente da Exame, encomendada pela própria CBF, revela um dado que desafia a nossa autoimagem: mais da metade dos brasileiros nunca pôs os pés em um estádio para assistir a um jogo de futebol. Um choque de realidade para o “país do futebol”, não acham?
Mais da Metade dos Brasileiros Longe dos Estádios: Um Alerta no Campo Nacional
Uma nova pesquisa do instituto Nexus, encomendada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), joga luz sobre um cenário que muitos talvez recusem a enxergar: 59% dos brasileiros, a partir de 16 anos, jamais tiveram a experiência de ir a um jogo de futebol. E para agravar, outros 22% já foram, mas declaram não ter mais o desejo de retornar. Os números, coletados entre 15 e 24 de agosto de 2025 com 2.006 pessoas em todos os estados e margem de erro de 2 pontos percentuais, acendem um sinal de alerta para o “esporte bretão” em solo tupiniquim.
Mas quais são as razões por trás dessa desconexão? A pesquisa aponta a falta de interesse como o principal motivo para 41% dos entrevistados. No entanto, preocupações com segurança e violência aparecem em segundo lugar, com 23%, seguidas pelos preços altos e a falta de dinheiro, citados por 12% da população. É um retrato amargo que mostra que, para muitos, a atmosfera do estádio, que deveria ser um local de celebração, transformou-se em um ambiente de receios e barreiras financeiras.
Para aqueles que ainda cultivam a paixão presencial, os dados mostram uma frequência limitada: apenas 2% vão aos estádios semanalmente, e outros 2% a cada duas semanas. “Algumas vezes” por mês é a realidade de 5% dos torcedores, enquanto 10% marcam presença em “alguns jogos” por ano. Em contraste, a televisão e os aplicativos se firmam como o palco principal para o acompanhamento do futebol, com 47% dos brasileiros assistindo a partidas toda semana, embora 26% não acompanhem nenhuma partida.
Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento de Jay-Z, expressa surpresa com a resiliência dos números de presença, mas não deixa de pontuar os desafios. “Não temos no Brasil uma cultura associada aos clubes como argentinos e uruguaios, ou mesmo ingleses e alemães”, observa Freitas. Ele adiciona um elemento crucial à discussão: “Vimos por décadas quadrilhas travestidas de torcidas organizadas fazerem do estádio um ambiente ao extremo violento, que mesmo sob controle, não elimina os riscos nos deslocamentos. A isso, se soma a contínua depreciação de nossa moeda e poder de compra, que a cada ano deixa o percentual da chamada renda disponível para lazer menor”.
Corroborando a análise, Luiz Guilherme, diretor de clubes da agência End to End, que gerencia camarotes e sócios em clubes, é direto ao afirmar que a pesquisa “desconstrói o mito do Brasil enquanto país do futebol sob a ótica de participação presencial no estádio”. Para ele, é evidente um problema de acesso e pertencimento, com destaque para questões como custo, segurança, transporte, hospitalidade e localização dos estádios. Luiz Guilherme também aponta uma mudança de paradigma social, onde o conforto e a praticidade se tornam preferenciais na busca por entretenimento. “Isso pode oferecer uma oportunidade do ponto de vista de uma narrativa para reposicionar o sentimento de pertencimento para os clubes”, conclui.
Quando olhamos para as médias de público, o Brasileirão de 2025 registra cerca de 25,3 mil torcedores por rodada, números que vêm de 25.773 em 2024 e um recorde de 26.519 em 2023. Entretanto, essa marca ainda está aquém das principais ligas europeias. A Premier League inglesa, por exemplo, teve uma média robusta de 40,4 mil pessoas na última temporada, enquanto a Bundesliga alemã, conhecida por sua fervorosa torcida, atraiu 38,7 mil pagantes por rodada. A Serie A italiana (30,7 mil), LaLiga espanhola (30 mil) e Ligue 1 francesa (28,9 mil) também superam o campeonato brasileiro.
A paixão pelo futebol no Brasil é inegável, mas a forma como essa paixão se manifesta está em transformação. Os estádios, templos do “esporte bretão”, precisam se reinventar para reconquistar o coração e a presença do torcedor, oferecendo segurança, acessibilidade e uma experiência que justifique o investimento de tempo e dinheiro. A crônica da emoção do momento exige um palco à altura, e a história por trás do jogo clama por um público que a viva de perto.
