Janja na COP30: O Protagonismo Feminino como Pilar da Agenda Climática Global
Belém, Pará – Em um cenário de crescentes desafios climáticos e complexas dinâmicas geopolíticas, a primeira-dama Janja da Silva emergiu na COP30 em Belém com uma pauta inegociável: a centralidade das mulheres nas discussões e soluções para as mudanças climáticas. Em entrevista exclusiva à CNN Brasil, Janja, em sua função de enviada especial para Mulheres na Conferência, delineou uma visão que interpela diretamente as estruturas de poder tradicionais que historicamente moldam a diplomacia ambiental.
“Tenho trabalhado muito para colocar as mulheres na centralidade da agenda climática”, afirmou Janja, sublinhando um ponto crucial que ecoa nas comunidades mais afetadas pelas crises ambientais. Sua observação de que mulheres em diversos biomas estão na vanguarda das soluções climáticas não é apenas um relato; é um diagnóstico social e um chamado à ação. A experiência no terreno revela uma disparidade gritante: aquelas que mais sofrem os impactos e detêm o conhecimento prático para a adaptação e mitigação, permanecem à margem das mesas de negociação e decisão.
A análise de Janja é perspicaz ao ressaltar que “Nós, mulheres, estamos na linha de frente. Somos nós, mulheres e meninas, as mais afetadas pelas mudanças climáticas, e somos nós que temos a solução. Mas não estamos no centro das discussões e das negociações. Precisamos desse protagonismo”. Essa declaração não é apenas um apelo por representatividade, mas um argumento estratégico. Incorporar a perspectiva feminina não é apenas uma questão de equidade, mas de eficácia, dada a comprovação de seu papel ativo na resiliência comunitária frente a eventos climáticos extremos.
A urgência do Plano de Ação de Gênero na COP30, que se esperava ser aprovado durante as negociações desta semana, é um termômetro da seriedade com que essa pauta é tratada. A presença do Presidente Lula, dias após as declarações de Janja, para discutir com ministros, reforça a relevância política do tema e seu alinhamento com a agenda do governo federal.
É também notável a postura da primeira-dama em relação à ausência de nações chave, como os Estados Unidos, na COP30. Ao afirmar que o sucesso da Conferência deve ser medido pelos resultados das negociações e pela participação dos movimentos sociais, e não apenas pela presença de delegações de alto nível, Janja propõe uma desmitificação da tradicional diplomacia de cúpula. Essa perspectiva ressalta a força da sociedade civil e das soluções locais, muitas vezes desconsideradas, e aponta para uma redefinição do que constitui “sucesso” em eventos de tal magnitude.
Para o D-Taimes, a visão de Janja sublinha a intrínseca ligação entre as políticas ambientais e as questões sociais. A marginalização das mulheres nas negociações climáticas é um reflexo das desigualdades estruturais que permeiam a sociedade. Ao defender o protagonismo feminino, a primeira-dama não apenas advoga por um futuro mais equitativo, mas também por um mais resiliente e sustentável, onde as soluções emergem da base e são integradas em uma governança verdadeiramente inclusiva. É um convite à reflexão sobre como o poder é distribuído e quem realmente molda o futuro do nosso planeta.
