Bem-vindos ao meu espaço, com o alerta ligado para o “esporte bretão”. Sou Alex Braga, e o que chega da Turquia é um verdadeiro soco no estômago para qualquer apaixonado por competição limpa. Mais de mil jogadores sob investigação por envolvimento em apostas é um número que grita aos quatro ventos: o futebol turco está em xeque.
A Federação de Futebol da Turquia (TFF) confirmou o impensável nesta segunda-feira: 1.024 atletas foram encaminhados ao comitê disciplinar. E não estamos falando apenas das ligas menores. Pasmem, 27 nomes vêm da elite, a Superliga Turca, incluindo representantes de gigantes como Galatasaray, Besiktas e Trabzonspor. A sombra da dúvida paira sobre quase todos os clubes do top 10 do campeonato, com a exceção solitária do Fenerbahçe. As divisões inferiores também estão submersas nesse turbilhão, com 77 jogadores da segunda divisão, 282 da terceira e assustadores 629 do quarto nível profissional.
Mas a teia é mais complexa. Não são apenas os que estão em campo. A investigação da TFF já resultou em sanções para 149 árbitros e a renúncia de 45 delegados de jogos, aqueles que deveriam zelar pela organização e lisura das partidas. A gravidade da situação se estende para além dos gramados, com a Procuradoria-Geral da Turquia decretando a prisão de 21 pessoas, entre elas 17 árbitros e, chocantemente, Murat Ozkaya, presidente do Eyupospor, um clube da primeira divisão.
Em uma “medida preventiva” que revela a profundidade da crise, a TFF suspendeu todos os jogos das terceira e quarta divisões por duas semanas. A federação ainda busca um fôlego de 15 dias extras na janela de transferências de inverno, um sinal claro do impacto que este escândalo tem no planejamento e na estrutura dos clubes. Apesar de a TFF alegar não ter encontrado evidências de um esquema organizado de manipulação de resultados e mencionar que muitos árbitros estariam perdendo dinheiro com as apostas, a quantidade avassaladora de envolvidos lança uma nuvem densa sobre a integridade do esporte no país.
Esta é uma ferida aberta no coração da competição. O esporte vive da paixão, da entrega e da imprevisibilidade leal. Quando as apostas e a desonestidade entram em campo, a essência do jogo é corroída. Ficarei de olho nos desdobramentos dessa história que, infelizmente, nos lembra da fragilidade dos valores esportivos diante da ganância.
