A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) acaba de divulgar um relatório que acende uma luz otimista sobre o panorama econômico do estado: todos os 78 municípios capixabas registraram melhora em seu ambiente de negócios nos últimos seis anos. Com um crescimento médio anual de 4,7% entre 2019 e 2025 no Indicador de Ambiente de Negócio (IAN), a promessa é de um “terreno” mais fértil para a atração de novas empresas e o florescimento das existentes.
No D-Taimes, nossa missão é ir além dos números e investigar como as decisões tomadas em Brasília e nos grandes centros financeiros, refletidas nas políticas estaduais e municipais, impactam o dia a dia do cidadão comum. O avanço capixaba, segundo a Findes, concentra-se em quatro eixos cruciais: gestão pública, infraestrutura, capital humano e potencial de mercado.
A gestão pública desponta como a área de maior progresso, com um salto médio anual de 8,6%. Esse dado, que se traduz em municípios com administrações mais eficientes, organização fiscal aprimorada, maior volume de investimentos e, crucialmente, uma redução no tempo necessário para abrir uma empresa, é um respiro para empreendedores e, em última instância, para a geração de empregos. Menos burocracia significa mais dinamismo, e mais investimentos públicos podem se reverter em serviços essenciais para a população.
No front da infraestrutura, o relatório aponta melhorias no saneamento básico, avanço na coleta de resíduos, maior estabilidade na distribuição de água e, notavelmente, uma queda em furtos e roubos. Para o cidadão, esses não são apenas indicadores, mas elementos concretos de uma vida urbana mais segura e saudável. A pavimentação de ruas, a qualidade da água que chega às casas e a segurança nas vias públicas são pilares para a qualidade de vida e a confiança no futuro.
O capital humano também mostrou evolução significativa, englobando educação, saúde e qualificação profissional. A redução de mortes por doenças crônicas e o aumento de trabalhadores formais com ensino médio completo refletem investimentos que fortalecem a base da força de trabalho e aprimoram a saúde pública. É uma dinâmica onde melhores condições de saúde permitem maior produtividade, e mais qualificação abre portas para melhores oportunidades de renda.
Porém, o eixo de potencial de mercado, que avalia crédito, diversidade econômica e tamanho do mercado, cresceu em ritmo mais modesto (0,2% ao ano). Embora a diversidade econômica tenha impulsionado o indicador entre 2024 e 2025, a questão que se impõe é: essa diversificação alcança todas as camadas da economia ou beneficia principalmente os grandes players? O acesso ao crédito, um motor fundamental para as pequenas e médias empresas, ainda representa um desafio em parte do estado?
A economista-chefe da Findes, Marília Silva, enfatiza que o desenvolvimento se consolida “no dia a dia das cidades”. Concordo plenamente. É vital, no entanto, que esse desenvolvimento seja equitativo. Melhorias na gestão pública, infraestrutura e capital humano são louváveis e demonstram um caminho promissor para o Espírito Santo. Mas um jornalismo que questiona e aprofunda nos leva a perguntar: o brilho desse “farol de oportunidades” ilumina por igual todas as comunidades capixabas? Ou ainda há áreas na sombra, esperando que as políticas públicas e o capital privado se voltem para seus desafios específicos, transformando a promessa em realidade para todos os cidadão? Continuaremos acompanhando de perto.
