Empreender Clima: O Governo Abre as Portas do Crédito Verde para Pequenos Negócios na COP 30
Por Alice Drummond, D-Taimes
Em um movimento estratégico que conecta as esferas do poder político às necessidades mais urgentes do tecido econômico nacional, o Governo do Brasil, por meio do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP), lançou na COP 30, em Belém, a plataforma “Empreender Clima”. Esta iniciativa, que surge como um farol de esperança em um cenário de juros elevados, visa desatar os nós que historicamente impedem micro e pequenos empreendedores de acessar o tão necessário “crédito verde”.
Minha análise para o D-Taimes aponta para uma redefinição crucial na política de incentivo à sustentabilidade. Durante anos, a transição para uma economia de baixo carbono foi um privilégio de grandes corporações, distanciada da realidade de quem mais inova e gera empregos no país: os pequenos negócios. O “Empreender Clima” propõe, de fato, uma democratização desse acesso.
Crédito Acessível e Capacitação Estratégica
A plataforma é fruto de uma parceria robusta entre o MEMP, a Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI), o Sebrae e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Essa colaboração interinstitucional é fundamental para garantir que o crédito verde não seja apenas uma promessa, mas uma realidade tangível. Com taxas a partir de 4,4% ao ano e a possibilidade de financiamento de até 100% para projetos sustentáveis, o governo não apenas oferece dinheiro, mas condições que permitem ao empreendedor respirar e crescer.
Além do financiamento, o programa foca em capacitação e tecnologia sustentável. Em um único ambiente digital, o empreendedor pode criar seu perfil, acessar cursos personalizados e, de forma gratuita e em menos de dez minutos, gerar um documento de pré-enquadramento no Fundo Clima. Este fundo é o principal motor federal para mitigar e adaptar o país às mudanças climáticas, oferecendo prazos de pagamento que se estendem por até 25 anos e carências generosas – até oito anos para projetos de florestas nativas e recursos hídricos. Setores como logística verde, transporte coletivo, mobilidade sustentável, indústria e energia limpa também estão contemplados com condições diferenciadas, o que demonstra uma visão abrangente do impacto ambiental e econômico.
O Pequeno no Centro da Transição Ecológica
Márcio França, titular do MEMP, enfatizou que o “Empreender Clima” marca uma “nova etapa da política de crédito produtivo no país”. Suas palavras ressoam com a missão do D-Taimes: “É o pequeno empreendedor no centro da transição ecológica — com crédito barato, capacitação e tecnologia a favor do seu negócio”. Este é o ponto nevrálgico da iniciativa. Ao simplificar a burocracia e reduzir as barreiras, o governo federal busca canalizar recursos para a base da pirâmide produtiva, onde o impacto social e ambiental pode ser mais capilarizado e transformador.
A plataforma abrange oito setores estratégicos, incluindo energia, agricultura, logística, construção e gestão de resíduos, e foi estruturada em quatro etapas claras: mapeamento de oportunidades, capacitação em tecnologias limpas, conexão a instrumentos de crédito verde e apoio técnico. Este modelo não apenas fornece o capital, mas também o conhecimento e o suporte técnico para que os projetos tenham sucesso e, de fato, contribuam para uma economia mais verde.
Para o cidadão comum, que muitas vezes enxerga as políticas de Brasília e os grandes números da economia como algo distante, o “Empreender Clima” representa uma chance real de participar ativamente da construção de um futuro mais sustentável. É a prova de que decisões políticas podem, e devem, impactar positivamente o dia a dia, fomentando a inovação, a geração de renda e a responsabilidade ambiental em pequena escala, com grandes reverberações.
A inclusão de cooperativas de mulheres e artesanato, exibidas no Espaço da Biodiversidade na Green Zone da COP30, reforça o compromisso de que essa transição não seja apenas econômica, mas também socialmente justa e inclusiva.
