Cúpula do Clima em Belém: Lula Adverte que ‘É Momento de Levar a Sério os Alertas da Ciência’ – E o Impacto no Cidadão Comum
Belém, Pará – Em um cenário geopolítico marcado por incertezas e conflitos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou a abertura da Cúpula do Clima em Belém para emitir um alerta contundente. Com a cidade se preparando para sediar a COP30, o presidente brasileiro clamou por ações concretas e urgentes dos países para frear o aquecimento global, sublinhando que “é momento de levar a sério os alertas da ciência”.
A retórica de Lula, forte e direta, ecoa a crescente preocupação global. O ano de 2024 marcou um ponto de virada alarmante, sendo o primeiro em que a temperatura média da Terra ultrapassou 1,5º Celsius acima dos níveis pré-industriais – uma meta estabelecida, mas aparentemente ignorada, pelo Acordo de Paris há uma década. Os dados são alarmantes: o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) projeta um aumento de 2,5º Celsius até 2100, um cenário que, segundo o “Mapa do Caminho Baku-Belém”, pode resultar na morte de mais de 250 mil pessoas anualmente e encolher o PIB global em até 30%. É neste contexto de dados frios e realidades brutais que Lula declara a COP30 como a “COP da verdade”.
Para o D-Taimes, essa “verdade” não se restringe apenas aos salões diplomáticos. A análise aprofundada da fala presidencial revela uma preocupação latente com a desconexão entre o discurso político e as consequências palpáveis no cotidiano do cidadão. “As pessoas podem não entender o que são emissões ou toneladas métricas de carbono, mas sentem a poluição”, enfatizou Lula. A seca que castiga lavouras, as enchentes que desabrigam famílias e os furacões que devastam comunidades são a tradução mais direta e cruel da inação climática. A questão vai além da ecologia; ela se entrelaça com a economia informal, a segurança alimentar e a saúde pública, impactando diretamente os mais vulneráveis.
Lula apontou caminhos: acelerar a transição energética e proteger a natureza, superando a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizando recursos financeiros. No entanto, a realidade do mundo corporativo e das grandes potências frequentemente prioriza interesses imediatos sobre o bem comum de longo prazo, como o próprio presidente reconheceu. A canalização de verbas para o enfrentamento do aquecimento global, por exemplo, é desviada por “rivalidades estratégicas e conflitos armados”, mostrando como a geopolítica pode sabotar a urgência climática.
A proposição do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), lançado durante o almoço com líderes mundiais, aponta para uma direção necessária de cooperação e financiamento. Mas a grande questão que paira é: será suficiente para impulsionar os compromissos multilaterais e alinhar as ações dos grandes atores globais com a urgência do momento?
A evocação da mitologia Yanomami, que atribui aos humanos a responsabilidade de “sustentar o céu para que ele não caia sobre a Terra”, é uma poderosa metáfora para a magnitude do desafio. A justiça climática, como defendida por Lula, é indissociável da luta contra a fome, a pobreza, o racismo e pela igualdade de gênero. Para nós, do D-Taimes, a Cúpula do Clima em Belém não é apenas mais um encontro de líderes; é um espelho das contradições e desafios que o Brasil e o mundo enfrentam para transformar o poder político e econômico em ações que realmente protejam o futuro de todos. A janela de oportunidade, como bem ressaltado, está se fechando rapidamente.
