Prezados leitores do D-Taimes,
Aqui é Alice Drummond, e hoje mergulhamos nas intrincadas conexões entre poder e fraude que vêm à tona na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. O foco da nossa análise é Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, uma figura política potiguar cujo depoimento à comissão desvelou um panorama preocupante de desvios e influência, ecoando fortemente no Rio Grande do Norte e atingindo diretamente a vida de milhares de aposentados.
CPMI do INSS: As Sombras de Abraão Lincoln e a Teia Política no Rio Grande do Norte
A recente sessão da CPMI do INSS lançou uma luz incômoda sobre as operações da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), presidida por Abraão Lincoln Ferreira da Cruz. Embora o político tenha optado por um silêncio estratégico em grande parte de seu depoimento, o relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), fez questão de expor as digitais de uma rede de influência e suposta fraude que tem repercussões em diversos níveis do poder.
O epicentro da controvérsia reside nos alegados desvios de recursos da CBPA, uma entidade que, em tese, deveria representar os trabalhadores da pesca e aquicultura. Documentos e questionamentos levantados na comissão indicam que fundos destinados a essa confederação podem ter sido drenados para financiar campanhas eleitorais em municípios do Rio Grande do Norte, especialmente nas eleições de 2024. A ligação entre Lincoln e o prefeito eleito de Porto do Mangue, Francisco Antônio Faustino (Dino), do Republicanos – partido liderado por Lincoln no estado –, é um dos pontos mais sensíveis da investigação, sugerindo um claro conflito de interesses.
O Falso Testemunho e os “Mortos Vivos” do INSS
O ponto de ebulição da sessão ocorreu quando Abraão Lincoln foi confrontado com seu relacionamento com Gabriel Negreiros, tesoureiro da CBPA e, revelou-se, padrinho de um de seus netos. Inicialmente, Lincoln negou a proximidade, alegando conhecer Negreiros apenas profissionalmente. A insistência dos parlamentares, que apresentaram fotos e indícios de depósitos de R$ 5 milhões em contas ligadas ao tesoureiro, levou o depoente a um constrangedor recuo e admissão de “ignorância”.
A gravidade da situação foi ainda mais acentuada pela revelação do relator: aproximadamente 40 mil nomes de pessoas falecidas estariam ativamente incluídos nas listas de descontos associativos vinculados à CBPA. Um escândalo que não só demonstra a dimensão da fraude, mas também a desfaçatez em manipular um sistema vital para a subsistência de idosos e pensionistas.
Um Passado Que Não Se Calou
A trajetória de Abraão Lincoln já havia sido marcada por investigações. Em 2015, ele foi detido pela Polícia Federal na Operação Enredados, que apurava a venda de licenças de pesca artesanal falsas. Apesar de uma década ter se passado, o processo ainda aguarda um julgamento final, levantando sérias questões sobre a celeridade e eficácia da justiça em casos de alta complexidade política e econômica. Sua pré-candidatura a deputado federal para 2026, e sua menção em uma possível nominata ao lado de figuras como Kelps Lima e Carlos Eduardo Alves, apenas sublinham o intrínseco elo entre as investigações de fraude e as ambições políticas no estado.
Como analista do D-Taimes, observo com preocupação a persistência de esquemas que parecem se retroalimentar da influência política. A impunidade em processos antigos e a teia de conexões partidárias criam um terreno fértil para que abusos de poder continuem lesando o erário e, o que é mais grave, a dignidade dos cidadãos mais vulneráveis. A CPMI do INSS tem a missão crucial de não apenas desvendar os fatos, mas de romper com esse ciclo, garantindo que o poder não seja usado como escudo para a corrupção e que a justiça, finalmente, seja feita. A Polícia Federal segue investigando, e o D-Taimes estará atento a cada desdobramento.
