Bastidores de Brasília: A Intrincada Teia da Sucessão no STF e as Eleições de 2026
Por Alice Drummond, D-Taimes
Brasília, 18 de novembro de 2025 – A política brasileira ferve nos bastidores do poder, com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmando sua escolha para uma cobiçada vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). O nome do ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, foi comunicado ao senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em um movimento que, como sempre, revela muito mais do que a simples nomeação de um jurista.
A indicação de Messias, entretanto, está longe de ser um consenso. A decisão do presidente Lula desencadeia uma série de implicações políticas complexas, especialmente no que tange às eleições de 2026 e às alianças que se formam e se desfazem na capital federal. Minha análise se debruça sobre a intrincada dança do poder que estas movimentações provocam.
O Jogo Duplo de Lula e Pacheco
Na noite da última segunda-feira, no Palácio da Alvorada, o Presidente Lula tentou, em um clássico movimento de xadrez político, convencer o senador Rodrigo Pacheco a disputar o governo de Minas Gerais em 2026. A ideia presidencial visava não apenas um palanque robusto no segundo maior colégio eleitoral do país, mas também a pavimentação para uma eventual campanha de reeleição. No entanto, Pacheco, presidente do Senado, surpreendeu ao sinalizar que pretende encerrar sua carreira política ao término de seu mandato, no início de 2027, retomando à advocacia.
A recusa de Pacheco é mais um sintoma das fissuras e realinhamentos partidários. O senador expressou respeito pela escolha de Lula para o STF, mas também revelou um isolamento crescente dentro do seu próprio partido, o PSD, que já se movimenta para apoiar a candidatura do vice-governador de Minas, Mateus Simões, à sucessão de Romeu Zema (Novo). Zema, por sua vez, ensaia voos mais altos, mirando o Planalto, o Senado ou uma vice-presidência. Para Pacheco, que já sinalizou apoio à reeleição de Lula, a falta de um palanque forte em Minas Gerais o obriga a considerar uma mudança de legenda, o que adiciona mais uma camada de incerteza ao cenário político.
A Vaga no STF e o Dispositivo do Senado
A indicação de Jorge Messias ao STF, por sua vez, enfrenta um desafio considerável no Senado. Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), figura influente e cabo eleitoral de Pacheco, não esconde sua contrariedade. Em reunião anterior com Lula, Alcolumbre apresentou um “mapa dos votos” desfavorável a Messias, que, segundo ele, é visto pela maioria dos senadores como um aliado direto do Partido dos Trabalhadores (PT). A aprovação de um nome para o STF exige uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e o apoio mínimo de 41 votos em plenário. A contabilidade de Alcolumbre indica que Messias teria, hoje, apenas cerca de 30 votos.
A recente e apertada aprovação de Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República, com 45 votos favoráveis e 26 contrários, deu novo fôlego à ala do Centrão e à bancada do PL, de Jair Bolsonaro, que veem na indicação de Messias uma oportunidade para impor uma derrota ao governo. Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, minimizou as comparações, argumentando que a oposição a Gonet era específica pela denúncia contra o ex-presidente. “Depois que ele (Lula) mandar o nome, as pessoas acolhem porque é uma demanda do presidente. Sempre foi assim”, completou Wagner, numa tentativa de reafirmar a força presidencial. No entanto, a declaração de Alcolumbre de que não fará campanha por Messias, para não “trair” seu amigo Pacheco, ilustra a complexidade das lealdades pessoais e partidárias que permeiam o processo.
Impactos e Próximos Capítulos
Este cenário delineia um momento crucial para o Governo Lula. A insistência em Messias, combinada com a relutância de Pacheco em ser um “soldado” na campanha mineira, pode enfraquecer o presidente em um estado-chave para 2026. A ala petista já cogita alternativas, como uma chapa puro-sangue com Marília Campos (prefeita de Contagem) ou a reaproximação com Alexandre Kalil (PDT), que já esteve alinhado ao PT e perdeu para Zema em 2022.
A dinâmica em Brasília é um microcosmo das disputas de poder que moldam o Brasil. A decisão sobre a vaga no STF não é apenas uma questão de justiça, mas um pivô central para as articulações políticas que determinarão o futuro da gestão pública e do cenário eleitoral. O cidadão comum, distante dos acordos e desacordos nos gabinetes, sente os efeitos dessas escolhas na governabilidade e na polarização crescente. O D-Taimes seguirá investigando as intersecções dessas decisões com o cotidiano do país.
