Prezados leitores do D-Taimes, sou Alice Drummond, e hoje mergulhamos nas entranhas da política nacional, onde narrativas e fatos colidem em torno da figura do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Advogado de Bolsonaro Desqualifica Dano em Tornozeleira como ‘Narrativa’ em Meio a Tensões Judiciais
A cena política brasileira foi novamente agitada pela determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que levou à prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro. No centro da controvérsia, um detalhe chamou a atenção: a tornozeleira eletrônica do ex-presidente, que, segundo relatos e laudo técnico, foi danificada.
O advogado de Bolsonaro, Paulo Amador da Cunha Bueno, prontamente desqualificou o incidente como uma mera “narrativa”. “Essa questão de tornozeleira é uma narrativa que tenta justificar o injustificável”, afirmou Bueno, ignorando um vídeo e um laudo da Secretaria de Administração Penitenciária (Seape) que mostram o aparelho com claros sinais de queimadura. A versão inicial da defesa de que o aparelho teria batido em uma escada foi contestada pelo relatório da Seape, que não identificou indícios de choque.
Para além do dano físico ao equipamento, a argumentação da defesa levanta um questionamento sobre as dinâmicas de poder e humilhação no sistema judicial. O advogado sustentou que não haveria como seu cliente fugir, uma vez que sua residência já estaria sob vigilância permanente de agentes federais. “A tornozeleira eletrônica foi apenas para causar humilhação ao presidente. Desconheço qualquer indivíduo no Brasil com tornozeleira eletrônica que tenha uma escolta permanente na porta de sua casa”, declarou Bueno, sublinhando a singularidade do caso e a aparente redundância do monitoramento eletrônico diante de uma escolta federal.
A decisão do ministro Alexandre de Moraes, contudo, vai além da questão da tornozeleira. Ele citou o “chamamento de vigílias” em frente ao condomínio do ex-presidente, feito por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, como um risco à ordem pública e à segurança do próprio detento. Tal cenário ressalta a complexa interseção entre o poder judiciário, a política e a capacidade de mobilização social, onde cada movimento é cuidadosamente analisado e interpretado.
Enquanto o advogado de Bolsonaro passava horas na Superintendência da Polícia Federal, a polarização política se manifestava do lado de fora. Manifestantes com camisetas vermelhas celebravam a prisão com champanhe, enquanto apoiadores do ex-presidente exibiam faixas e faziam orações. Este é o retrato de um Brasil onde a esfera pública e a judicial estão intrinsecamente ligadas a paixões e divisões sociais profundas.
É crucial que, diante de tamanha complexidade, os fatos sejam escrutinados e as narrativas, compreendidas em seu contexto, para que o cidadão comum possa descomplicar o poder e entender as verdadeiras implicações dessas decisões em seu dia a dia.
