Como repórter e analista do D-Taimes, mergulho nas entranhas das grandes decisões que moldam nosso país. A recente divulgação dos dados de abstenção do primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 – um marcante 27%, em linha com o ano anterior – nos convida a uma reflexão profunda. Mais de 4,8 milhões de candidatos estavam aptos, mas uma parcela significativa optou por não comparecer. O Ministro da Educação, Camilo Santana, celebrou o aumento no número de participantes, destacando a tranquilidade na aplicação das provas, apesar das 3.240 eliminações por irregularidades.
O Enem, longe de ser apenas uma avaliação do desempenho escolar, é a principal ponte para milhões de jovens acessarem o ensino superior, seja via Sistema de Seleção Unificada (Sisu) nas universidades públicas, ou por meio do Programa Universidade para Todos (Prouni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) nas instituições particulares. Essa taxa de abstenção, que se estabiliza, mas ainda é alta, acende um alerta sobre as barreiras que persistem no caminho de muitos estudantes. Seriam questões logísticas, socioeconômicas, ou a desmotivação em relação a um futuro incerto que os afasta das salas de prova? A política educacional precisa ir além da contagem de inscritos e eliminados, para compreender as raízes dessa lacuna.
Um dos pontos mais relevantes deste primeiro dia foi, sem dúvida, o tema da redação: “As perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”. Em um país que assiste a uma inversão de sua curva etária, com o número de idosos em ascensão, a escolha do tema pelo Ministério da Educação demonstra uma sensibilidade crucial. Professores ouvidos pela Agência Brasil ressaltaram a pertinência do debate, que aborda desde violações de direitos até o etarismo – o preconceito velado ou explícito contra indivíduos em razão de sua idade. Essa é uma pauta que não apenas testa a capacidade crítica dos estudantes, mas também os convoca a refletir sobre os desafios sociais que o Brasil já enfrenta e enfrentará com maior intensidade, demandando políticas públicas eficazes e uma mudança cultural profunda.
Enquanto aguardamos a divulgação dos gabaritos oficiais, prevista para a próxima quinta-feira (13), e nos preparamos para o segundo dia de provas, com Ciências da Natureza e Matemática, o Enem reafirma seu papel central na formação e no futuro da nação. No entanto, é imperativo que os números da abstenção e os temas discutidos no exame sirvam como bússola para que as políticas públicas sejam ajustadas, garantindo que a educação seja, de fato, um direito acessível e uma ferramenta de transformação social para todos, sem deixar ninguém para trás.
