Brasília e os grandes centros financeiros são palcos de disputas que reverberam intensamente em cada canto do país. No Rio Grande do Norte, as projeções para as eleições de 2026 já delineiam um cenário de intensa polarização, conforme análise da presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), Samanda Alves. Em uma conversa aprofundada, Alves não apenas confirmou sua própria pré-candidatura a deputada federal, mas também traçou o mapa político que, segundo ela, culminará em um embate direto entre o ‘time de Lula’ e as forças da direita no estado.
A Trajetória e a Ascensão de Samanda Alves
A trajetória de Samanda Alves é um microcosmo das dinâmicas políticas que busco desvendar. Nascida em Mossoró, mas com uma carreira consolidada na capital, Natal, Alves acumulou experiência significativa. Foram mais de duas décadas atuando ao lado da governadora Fátima Bezerra (PT), além de passagens por secretarias estaduais e pelo Ministério de Direitos Humanos durante o governo Dilma Rousseff. Seu desempenho nas urnas, conquistando a primeira suplência para deputada federal em 2022 com mais de 31 mil votos e, posteriormente, elegendo-se vereadora em Natal em 2024, demonstra uma crescente aceitação popular, credenciais importantes para a disputa federal que se avizinha.
A Estratégia do PT para 2026: Rumo ao Interior e Consolidação de Cadu Xavier
O PT, sob a liderança conjunta de Samanda Alves e da deputada estadual Isolda Dantas, articula uma mudança estratégica de foco. A prioridade agora é o ‘PT mais interior, menos capital’, buscando fortalecer a base partidária nos municípios. Essa reorientação se manifesta na criação de vice-presidências regionais e no lançamento do manifesto eleitoral pelo interior do estado, como observado em Mossoró. No tabuleiro estadual, a pré-candidatura de Cadu Xavier, atual secretário da Fazenda, para o governo é vista como consolidada pelos partidos progressistas. A missão é clara: torná-lo conhecido em todo o Rio Grande do Norte, capitalizando o apoio do presidente Lula e buscando dar continuidade ao legado da governadora Fátima Bezerra, que, por sua vez, deve concorrer ao Senado. A expectativa é ampliar a bancada federal e estadual do campo progressista, visando fortalecer o governo federal e as pautas progressistas.
O Cenário Polarizado: ‘Time de Lula contra o time da direita’
A análise de Samanda Alves sobre o cenário eleitoral de 2026 é categórica: “Na política não existe espaço para quem não se posiciona”. Ela prevê uma polarização explícita entre as forças ligadas a Lula e a direita. A vereadora critica figuras como o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, por tentar “disfarçar” sua aliança com a direita, enquanto suas ações e seu partido (União Brasil) sinalizam claramente para esse espectro político. Em contraste, a direita, representada também pelo senador Rogério Marinho, é percebida como “desorganizada e dividida”. A aposta de Samanda é que a nacionalização do debate, observada em eleições recentes, se intensificará, penalizando candidatos sem posicionamento claro. “Vai ser o time de Lula contra o time da direita. Não vai ter espaço para quem não se posiciona”, afirma, categórica.
A Urgência da Representação para Mossoró
Para Mossoró, a pré-candidatura de Samanda Alves, ao lado de sua companheira de partido Marleide Cunha, ganha contornos de urgência. A cidade, que há sete décadas não tem um representante legítimo na Câmara dos Deputados, sofre as consequências diretas dessa lacuna, exemplificada pela ausência de sua classe política nas discussões sobre a distribuição de emendas coletivas do Orçamento da União de 2026, um montante que beira 1 bilhão de reais. A ausência de voz em Brasília custa caro, e a intenção de Alves e Cunha é resgatar essa representatividade vital para os interesses do segundo maior colégio eleitoral do estado. É uma questão que transcende a disputa partidária e toca diretamente na capacidade de o município acessar recursos e influenciar decisões cruciais para seu desenvolvimento.
Perspectivas para 2026
O ano de 2026, ainda distante no calendário, já se desenha como um período de redefinições políticas no Rio Grande do Norte. A ofensiva do PT para fortalecer sua presença no interior, a aposta em novas lideranças como Cadu Xavier e a estratégia de enfrentar a direita em um cenário polarizado são movimentos que merecem acompanhamento atento. As vozes como a de Samanda Alves, que emergem com clareza sobre os desafios e as oportunidades, nos lembram que a política local é, invariavelmente, um reflexo e um motor das grandes dinâmicas nacionais. Resta saber como o eleitorado potiguar reagirá a essas propostas e se a polarização antecipada se concretizará com a intensidade esperada.
