A Teia Judicial se Fecha: Prisão de Bolsonaro Mantida Após Alegação de ‘Paranoia’
Por Alice Drummond, D-Taimes
Brasília, 23 de novembro de 2025 — Em um desdobramento que mais uma vez agita o cenário político e jurídico brasileiro, a juíza auxiliar Luciana Yuki Fugishita Sorrentino, após audiência de custódia neste domingo, homologou o mandado de prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão não apenas valida a ação da Polícia Federal, mas também acende um alerta sobre as complexas dinâmicas de poder e responsabilização que moldam a nossa democracia.
O que chama a atenção na narrativa deste domingo é a justificativa apresentada pela defesa de Bolsonaro para a violação de sua tornozeleira eletrônica. O ex-presidente alegou ter tido “uma certa paranoia de sexta para sábado em razão de medicamentos que tem tomado receitados por médicos diferentes e que interagiram de forma inadequada”. Tal alegação, embora de natureza pessoal e médica, será inevitavelmente analisada sob a lente da seriedade das acusações que pesam contra ele e do contexto político que o envolve. Questiona-se a validade de uma justificativa tão específica em um momento de escrutínio judicial tão intenso.
A quebra do monitoramento eletrônico, através de uma tentativa de solda na tornozeleira, foi o gatilho para a decretação da prisão preventiva pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Moraes, em sua decisão, ponderou o eventual risco de fuga – um ponto crucial em casos de alta repercussão – e a “vigília” convocada por Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente e senador pelo PL-RJ, nas proximidades da residência onde ele cumpria prisão domiciliar. Embora Bolsonaro tenha argumentado que a distância da vigília era irrelevante para uma fuga, o STF interpretou o ato como um indicativo de que as condições da prisão domiciliar não estavam sendo rigorosamente cumpridas.
O episódio sublinha a constante tensão entre o Poder Judiciário e figuras políticas proeminentes. A intervenção do STF na vida de um ex-chefe de Estado, particularmente em um processo tão sensível como a condenação por trama golpista, demonstra a força do sistema de justiça brasileiro na busca por accountability, mesmo diante de resistências políticas.
A gravidade do momento é amplificada pela condenação de Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão na ação penal da trama golpista. Na semana passada, a Primeira Turma do STF rejeitou os “embargos de declaração” apresentados pelo ex-presidente e outros réus, um recurso que buscava reverter as condenações e evitar a execução das penas em regime fechado. Com o prazo final para a apresentação dos últimos recursos se esgotando neste domingo, a possibilidade de Bolsonaro e os demais envolvidos começarem a cumprir suas sentenças nas próximas semanas torna-se cada vez mais real.
Nesta segunda-feira (24), o STF realizará uma sessão virtual extraordinária da Primeira Turma para referendar a decisão da prisão preventiva. O D-Taimes seguirá atento aos desdobramentos, buscando não apenas relatar os fatos, mas analisar as ramificações deste momento para a estabilidade institucional e a percepção da justiça no Brasil.
