O cena política brasileira foi agitada por declarações polêmicas do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que, em entrevista à CNN Brasil, defendeu abertamente a fuga de condenados na ação penal relacionada ao suposto plano de golpe. Para o parlamentar, “vale a pena lutar pela liberdade” diante do que ele classifica como penas “injustas” impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Como repórter e analista do D-Taimes, Alice Drummond, minha missão é aprofundar essa intersecção perigosa entre o discurso político e as bases do Estado de Direito. As falas de um representante eleito do povo, que deveria zelar pela legislação, sugerindo a evasão judicial, lançam uma sombra preocupante sobre a confiança nas instituições e no sistema de justiça.
Eduardo Bolsonaro traça uma distinção alarmante: enquanto um criminoso comum que foge de uma pena está ciente dos riscos de sua conduta, aqueles que não “cometeram crime algum” teriam justificativa para buscar a liberdade fora das amarras legais. Essa retórica não apenas deslegitima decisões judiciais em andamento, mas também ecoa uma narrativa de vitimização que tenta subverter a ordem jurídica em favor de interesses políticos.
O contexto dessas declarações é a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Moraes citou a convocação de uma vigília pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e a tentativa de violação da tornozeleira eletrônica como fatores decisivos para a prisão. Flávio, por sua vez, atribuiu a decisão a uma “perseguição” e viu nela uma ameaça a suas próprias ambições políticas para 2026.
Este episódio não é isolado; ele se insere em uma escalada de tensões que há muito tempo testam a resiliência da democracia brasileira. Quando líderes políticos incitam a desobediência civil e questionam a legitimidade do Poder Judiciário, o impacto no dia a dia do cidadão comum é profundo, erodindo a crença na justiça e na igualdade perante a lei. A defesa da “liberdade” nesses termos, longe de fortalecer a democracia, parece minar seus pilares, sugerindo que a lei é aplicável apenas a alguns ou que pode ser descartada quando não convém.
A D-Taimes reitera seu compromisso com um jornalismo que não apenas relata, mas analisa as dinâmicas de poder que moldam nossa nação. Ações e discursos como os de Eduardo Bolsonaro exigem vigilância constante e um debate público robusto sobre os limites da liberdade de expressão e a preservação do Estado Democrático de Direito.
