Como repórter e analista do D-Taimes, meu foco é sempre desvendar como as engrenagens do poder político e corporativo moldam a vida de todos nós. E os números que emergem de Santa Catarina em 2025 exigem uma análise aprofundada: o estado não apenas superou a marca de 256 mil empresas abertas entre janeiro e outubro, mas cravou um recorde histórico para a Junta Comercial do Estado de Santa Catarina (Jucesc). Mais do que um dado, é um reflexo contundente de uma dinâmica econômica peculiar.
À primeira vista, o cenário é de celebração. O volume recorde de novos CNPJs aponta para um ecossistema empreendedor efervescente. No entanto, é crucial olhar para a composição desse boom: 95% dessas novas empresas são Microempreendedores Individuais (MEIs), microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP). Essa preponderância de pequenos negócios, embora denote agilidade e adaptabilidade, nos leva a questionar: essa é a manifestação de uma economia pujante que cria oportunidades acessíveis, ou um sintoma de um mercado de trabalho que, em sua busca por flexibilidade, empurra mais indivíduos para o empreendedorismo por necessidade?
Os setores que lideram essa expansão são reveladores: comércio e reparação de veículos (45 mil), transporte (37,8 mil), indústria de transformação (25,5 mil), atividades administrativas (25,5 mil), construção civil (23,1 mil) e atividades profissionais, científicas e técnicas (22,7 mil). Essa diversificação aponta para uma base econômica sólida, mas a análise do D-Taimes nos faz indagar sobre a sustentabilidade dessas aberturas. O consumo acelerado, apontado pelo Banco Central como um dos motores para a alta de 4,9% na atividade econômica catarinense em 2025 — índice superior à média brasileira — é um pilar forte, mas também pode ser volátil.
Santa Catarina ostenta a maior formalidade do país, um ativo importante para a segurança jurídica e para o acesso a mercados e crédito. Contudo, para o cidadão comum que se aventura no empreendedorismo, a formalidade também vem acompanhada de desafios burocráticos e uma carga tributária que pode pesar no dia a dia do pequeno empresário. As decisões tomadas em Brasília e, neste caso, com forte impacto da gestão estadual, reverberam diretamente na capacidade de sobrevivência e crescimento desses novos negócios. O compromisso com um ambiente de negócios simplificado e com políticas de fomento robustas será determinante para que esses 256 mil CNPJs se traduzam em prosperidade duradoura e não apenas em estatísticas momentâneas.
Como Alice Drummond, continuarei a observar de perto se essa onda empreendedora se traduz em mais do que números, gerando riqueza distribuída, inovação e, acima de tudo, melhoria efetiva na qualidade de vida dos catarinenses.
