Bem-vindos ao meu espaço. Sou Alex Braga, e hoje trago uma daquelas notícias que nos fazem questionar os alicerces da confiança e da segurança, especialmente no universo esportivo, que tanto preza por valores.
Araçatuba, no interior de São Paulo, foi palco de um triste e revoltante acontecimento. Wanderson Amâncio dos Santos, de 24 anos, um professor de futebol, foi preso nesta sexta-feira (14) sob a gravíssima acusação de abusar de crianças e adolescentes. A notícia, que veio à tona através das investigações da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), joga uma sombra sobre a imagem de um esporte que, em sua essência, deveria ser formador de caráter e um refúgio seguro para os jovens.
Desde o dia 9 de novembro, as autoridades agiram com celeridade, identificando sete vítimas, todas com cerca de 12 anos de idade, e registrando seis boletins de ocorrência. A crueldade dos detalhes revelados pelas investigações é de embrulhar o estômago: os abusos, na maioria das vezes, ocorriam dentro do carro do suspeito, quando ele oferecia caronas aos meninos. Mas a audácia do agressor ia além, com relatos de abordagens em banheiros e até mesmo dentro de ônibus, durante a participação em campeonatos.
O mais alarmante é a linha do tempo desses crimes. Conforme apurado pela TV TEM, as práticas ilícitas teriam durado pelo menos dois anos, um período angustiante de silêncio e medo para as vítimas. O professor, que continuou trabalhando até o início deste mês, evadiu-se da cidade alegando ter recebido ameaças de morte, numa tentativa de fuga da responsabilidade que agora o alcança.
A atuação da delegada Luciana Pistori, da DDM, tem sido fundamental para o avanço do inquérito. Em depoimento ao G1, a mãe de uma das vítimas, que preferiu manter o anonimato, revelou a dolorosa descoberta. Ao ler sobre o caso na imprensa, ela percebeu que as descrições batiam com o comportamento do treinador de seu filho. O menino, que iniciou os treinos em 2019, confirmou as agressões, detalhando que era forçado a comparecer a encontros onde o suspeito exibia material pornográfico e o submetia a abusos em um galpão do clube. “Ele relatou detalhes, informando que o professor pedia para ele abaixar as calças. Ele forçava meu filho a beijar ele, abraçar ele e, quando precisava de carona, era a mesma coisa. Só que a gente não percebeu nada de diferente”, desabafou a mãe.
A mudança no comportamento do filho, que perdeu o entusiasmo e pediu para deixar o time em junho, é um sinal claro do impacto devastador do trauma. Felizmente, a criança agora recebe acompanhamento psicológico e encontrou um novo ambiente esportivo.
Este caso serve como um doloroso lembrete da responsabilidade que todos temos na proteção de nossas crianças e adolescentes. O esporte, que deveria ser um vetor de inclusão e bem-estar, jamais pode se tornar um palco para a violência e o abuso. Acompanharemos de perto o desenrolar das investigações e do processo judicial, esperando que a justiça seja feita e que medidas eficazes sejam implementadas para garantir que espaços como escolinhas de futebol sejam verdadeiramente seguros para todos.
