A Ausência de Poder: Mossoró à Margem na Discussão do Orçamento da União para 2026
Natal, Rio Grande do Norte – Em um cenário onde a articulação política é chave para o desenvolvimento local, a ausência do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil), e de seus representantes em uma reunião estratégica da bancada federal do Rio Grande do Norte para discutir emendas coletivas ao Orçamento Geral da União (OGU) de 2026, acende um alerta sobre as prioridades da gestão municipal e o impacto direto no dia a dia dos cidadãos. Com um montante de R$ 959,8 milhões em jogo para a bancada potiguar, a cidade de Mossoró parece, mais uma vez, negligenciar uma oportunidade vital para defender seus interesses.
Como repórter e analista do D-Taimes, focada nas intersecções entre o poder político e o mundo corporativo, é imperativo questionar: quais as consequências de tal lacuna para a segunda maior cidade do estado? A ausência em um fórum onde se definem projetos estruturantes em áreas como saúde, educação e infraestrutura não é apenas uma falta de protocolo, mas um sintoma da fragilidade da representatividade política que Mossoró enfrenta desde 2022. A cidade, que já se limita a receber recursos de emendas individuais de baixo volume, perde a chance de pleitear investimentos que poderiam transformar a realidade local.
Em um contraste notável, Natal, a capital, demonstrou proatividade ao enviar a vice-prefeita Joana Guerra. As demandas apresentadas incluíram a liberação de R$ 110 milhões para a segunda etapa do Hospital Municipal, um equipamento de saúde de repercussão regional, além de recursos para obras cruciais de drenagem e mobilidade urbana. Essa postura reforça a importância da presença e da articulação para garantir que as necessidades da população sejam ouvidas e atendidas em Brasília.
Diante do vácuo deixado pela prefeitura de Mossoró, o protagonismo coube à academia. Os reitores da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Cicília Maia, e da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Rodrigo Codes, fizeram-se presentes. O reitor Codes, em particular, assumiu a legítima representação de Mossoró, defendendo pleitos cruciais para a Ufersa. Sua pauta incluía o complexo de saúde da universidade, infraestrutura para novos cursos (Psicologia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional) e a concretização de um Hospital Universitário, projetos que reverberam diretamente nas áreas de educação, saúde pública, economia, ciência, pesquisa e inovação, fortalecendo a integração institucional e beneficiando diretamente a região Oeste.
O Governo do Estado, por sua vez, demonstrou um planejamento estratégico, apresentando propostas de emendas coletivas que somam R$ 179,1 milhões, focadas no desenvolvimento econômico e social do Rio Grande do Norte. A prioridade máxima é a conclusão da Estrada da Produção, um corredor logístico essencial para o escoamento da fruticultura, agropecuária e cerâmica vermelha, com investimentos de R$ 83 milhões. Além disso, R$ 96,1 milhões estão destinados à infraestrutura hídrica, visando ampliar o acesso à água potável e mitigar os efeitos da estiagem no semiárido potiguar.
A condução da reunião pelo coordenador da bancada federal do RN, deputado Robson Faria (PP), sublinhou a necessidade de ouvir as entidades representativas para a definição das emendas. A defesa dos pleitos feita pelos reitores da UERN e UFERSA, em nome de Mossoró, é um testemunho da capacidade de setores da sociedade civil em buscar soluções quando a representação política oficial falha. A ausência da prefeitura de Mossoró neste momento crucial não só impede a defesa de projetos estruturantes, mas também levanta sérios questionamentos sobre a visão de futuro e o compromisso da gestão atual com o desenvolvimento abrangente da cidade. Em ano de pré-candidatura a governador, a inação do prefeito Allyson Bezerra em sua própria cidade ecoa um questionamento ainda maior sobre sua capacidade de articulação e governança em uma esfera mais ampla.
