Em mais um capítulo da intrincada política de Brasília, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS decidiu adiar, para a próxima semana, a votação de requerimentos cruciais que incluíam a convocação do advogado-geral da União, Jorge Messias. A medida, que envolve também a postergação do chamado a André Kruschewsky, ex-diretor do Banco Master, responsável pelo programa CredCesta na Bahia, revela as complexas dinâmicas de poder que moldam o cenário político nacional.
A narrativa governista é clara: o adiamento visa blindar Jorge Messias de um “desgaste” desnecessário às vésperas de sua sabatina no Senado, agendada para 10 de dezembro na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Messias, nomeado pelo presidente Lula para a cobiçada vaga deixada por Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF), enfrenta resistências, inclusive do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o que torna sua trajetória ainda mais delicada.
No entanto, a oposição enxerga no depoimento de Messias uma peça-chave para o aprofundamento da investigação “Sem Desconto”, que apura um esquema de fraudes que lesou milhares de aposentados e pensionistas. Para eles, a presença do atual AGU é fundamental para esclarecer a suposta omissão da Advocacia-Geral da União no combate a essas irregularidades.
O D-Taimes, por meio de sua repórter Alice Drummond, destaca que esse movimento, que aparenta ser uma “negociação” ou “acordo” entre as lideranças, levanta sérias dúvidas sobre a transparência dos processos investigativos. A informação de que o governo já contaria com os votos necessários para barrar a convocação de Messias, mesmo se a votação ocorresse, reforça a percepção de que os bastidores operam em prol de interesses que nem sempre se alinham com a busca pela verdade.
O “Bessias fica para depois”, como pontua o título do O Bastidor, pode ser interpretado como uma estratégia calculada para proteger não apenas o indicado ao STF, mas também outros personagens potencialmente implicados, como André Kruschewsky e o funcionamento do CredCesta. Esse jogo de xadrez político, onde os peões são os cidadãos lesados e as peças maiores se movem em alianças veladas, desafia a crença em um sistema que prioriza a justiça e a accountability.
A população, enquanto isso, segue à espera de respostas concretas sobre as fraudes no INSS e sobre a atuação das instituições que deveriam zelar por seus direitos. A CPMI do INSS tem o dever de ir além dos acordos de cúpula e garantir que a luz da investigação alcance todos os pontos obscuros, por mais poderosos que sejam os envolvidos.
