Olá, leitores do D-Taimes. Aqui é Alice Drummond, e hoje mergulho nas entrelinhas do poder global para analisar a recente declaração do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva no G20, um pronunciamento que ressoa diretamente nas complexas relações entre geopolítica, economia e o futuro tecnológico do nosso país.
Lula no G20: Minerais Críticos e a Luta pela Soberania Nacional
Joanesburgo, África do Sul – Em um cenário de crescentes tensões geopolíticas e uma corrida global por recursos estratégicos, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou o púlpito do G20 para lançar um alerta claro e incisivo: “Falar sobre minerais críticos também é falar sobre soberania”. A declaração, feita no segundo dia da cúpula em Joanesburgo, África do Sul, ressalta a visão brasileira de que países detentores de vastas reservas minerais não podem se contentar com o papel de meros fornecedores de matéria-prima.
Os minerais críticos, como se sabe, são a espinha dorsal da economia moderna e da transição energética global. Essenciais para a fabricação de baterias de alta performance, turbinas eólicas, painéis solares e uma infinidade de dispositivos eletrônicos, a demanda por esses recursos disparou. Em 2024, o setor de energia foi responsável por impressionantes 85% do aumento da demanda por esses minerais, um dado que sublinha sua importância estratégica.
A preocupação de Lula é que nações como o Brasil, ricas em tais recursos, fiquem à margem da inovação tecnológica, enquanto exportam suas riquezas naturais. “Os países com grande concentração de reservas de minerais não podem ser vistos como os meros fornecedores, enquanto seguem à margem em inovação tecnológica”, afirmou o presidente. Esta é uma crítica direta ao modelo extrativista que, historicamente, relegou muitos países em desenvolvimento a uma posição secundária na cadeia de valor global.
A resposta brasileira a essa dinâmica, segundo Lula, é o recém-criado Conselho de Minerais Críticos e Estratégicos (CMCE). A iniciativa visa transformar o Brasil não apenas em um exportador, mas em um parceiro estratégico na cadeia global de valor desses minerais. Isso implica em investimentos responsáveis – ambiental e socialmente – que contribuam para fortalecer a base industrial e tecnológica do país. A intenção é clara: agregar valor, gerar conhecimento e garantir que a riqueza mineral do Brasil se traduza em desenvolvimento e autonomia tecnológica.
O G20, que reúne as maiores economias do mundo, é o palco ideal para essa discussão. A presidência sul-africana do grupo destacou, inclusive, o pioneirismo no tema dos minerais estratégicos, reconhecendo a urgência de uma abordagem mais equitativa e sustentável. Para o D-Taimes, essa é uma pauta crucial, pois toca na essência do nosso futuro econômico e na capacidade do Brasil de se posicionar como um ator relevante no cenário global, não apenas pela abundância de seus recursos, mas pela inteligência e soberania com que decide explorá-los e processá-los.
A visão de Lula, que ecoa a necessidade de um multilateralismo mais justo, desafia a lógica de que o Sul Global deva apenas abastecer as inovações do Norte. É um chamado para que a riqueza subterrânea se converta em poder de barganha, inovação e, acima de tudo, em um pilar para a verdadeira soberania nacional.
