Por Alice Drummond, D-Taimes
Em um movimento que ecoa nas esferas do poder potiguar e promete reverberar na cena sindical nacional, Pedro Lopes de Araújo Neto, até então Secretário de Administração do Rio Grande do Norte, formalizou sua saída do governo de Fátima Bezerra (PT). A exoneração, publicada no Diário Oficial do Estado nesta quinta-feira (20), abre uma lacuna em uma das pastas cruciais da gestão, ao mesmo tempo em que o posiciona em um novo e estratégico front: a vice-presidência da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco).
Lopes era um pilar na equipe da governadora Fátima Bezerra desde o primeiro dia de mandato, tendo iniciado sua trajetória como Controlador-Geral do Estado antes de assumir a Secretaria de Administração. Sua permanência em postos-chave por um período tão longo sugere uma relação de confiança e um conhecimento aprofundado da máquina pública estadual. A carta de exoneração, tornada pública por Lopes em suas redes sociais no dia 19, aponta a Fenafisco como o novo destino, uma transição que carrega múltiplas camadas de análise.
A mudança de cargo de um gestor público de alto escalão para uma federação de classe é um fenômeno que merece escrutínio. Não se trata apenas de uma alteração de função, mas de uma reconfiguração de poder e influência. Enquanto na Secretaria de Administração Lopes estava imerso na execução de políticas públicas e na gestão direta dos recursos humanos e materiais do estado, na Fenafisco ele passará a representar os interesses e desafios dos auditores fiscais estaduais e distritais em nível nacional. Esta é uma ponte direta entre a experiência prática da administração fiscal e a defesa corporativa, um papel que pode fortalecer a voz da categoria frente a debates tributários e reformas administrativas.
Para o governo do Rio Grande do Norte, a saída de um secretário com a experiência e o tempo de casa de Pedro Lopes, sem um substituto imediatamente nomeado, aponta para um período de transição e reajuste. Em um cenário político e econômico complexo, a estabilidade e a continuidade na gestão pública são sempre desafios. A análise de dados sobre a performance da administração durante sua gestão, tanto como Controlador-Geral quanto como Secretário, será fundamental para compreender o legado de sua passagem e os rumos que a pasta pode tomar.
Do ponto de vista do cidadão comum, essas movimentações em Brasília e nos centros de poder estaduais impactam diretamente o funcionamento dos serviços públicos e a eficiência da arrecadação. A Fenafisco, ao representar os profissionais que atuam na linha de frente da fiscalização, tem um papel indireto, mas significativo, na sustentabilidade fiscal dos estados, que por sua vez, financiam programas sociais e infraestrutura.
A ascensão de Pedro Lopes à vice-presidência da Fenafisco reflete, assim, não apenas uma escolha de carreira individual, mas também as dinâmicas mais amplas entre a política, a burocracia estatal e as representações de classe. O D-Taimes seguirá acompanhando as implicações dessa transição para a administração potiguar e para o cenário federativo do fisco no Brasil.
