O Racismo Velado no Futebol: Jorge Castilho e a Luta por Mais Oportunidades para Técnicos Negros
Bem-vindo ao meu espaço, amantes da competição! Alex Braga aqui, pronto para mergulhar fundo nas entrelinhas do esporte. Hoje, vamos falar de um tema que, infelizmente, ainda insiste em fazer parte do nosso futebol, apesar de todo o seu brilho e paixão: o racismo. Jorge Castilho, um nome que se destacou nacionalmente no comando do Maringá e que agora assume o Uberlândia para a temporada de 2026, trouxe à tona uma discussão crucial sobre a persistência do preconceito contra técnicos negros no Brasil.
Castilho, com seus 43 anos e uma experiência sólida que incluiu quatro anos como treinador efetivo no Maringá (2021-2025), onde conquistou o acesso à Série C e foi vice-campeão estadual, se tornou o segundo técnico mais longevo do país. Uma trajetória de sucesso inegável, certo? No entanto, em entrevista ao ge no Dia da Consciência Negra (20 de novembro), o comandante foi enfático: os profissionais negros ainda recebem menos oportunidades e são forçados a trabalhar “duas vezes mais” para serem reconhecidos.
“O desafio é muito grande para todos nós”, afirmou Castilho. “Os resultados me fizeram ser visto de outra forma por muitos, principalmente pela imprensa nacional, porque nós atingimos alguns resultados expressivos. Mas existe ainda o preconceito. É um preconceito um pouco velado, ele não é explícito, não é muito claro, mas ele existe. Nós, negros, sentimos na pele, dificilmente um técnico branco vai notar isso”.
A fala de Castilho ecoa a de outros grandes nomes do futebol. Roger Machado, ex-técnico do Internacional, já havia se posicionado sobre o tema, revelando a dura realidade de que, em 2024, ele era o único treinador preto na Série A. “O racismo para mim se cristaliza quando o campo acaba e a gente consegue perceber indivíduos de diferentes cores ascenderem socialmente em diferentes velocidades. É quando os filtros começam. O ex-atleta branco consegue se esconder. Eu não consigo. A minha cor me denuncia”, refletiu Roger.
Apesar do cenário desafiador, Jorge Castilho vislumbra avanços. Ele destaca o crescente número de pessoas negras buscando os cursos de formação da CBF e se sente orgulhoso por ser uma referência para a nova geração. “Eu dei algumas aulas também na CBF, e eu vi muito aluno negro, mas poucos treinadores negros na beira do campo”, comentou, ressaltando a discrepância entre a capacitação e as oportunidades reais no campo.
Para os aspirantes a técnicos negros, Castilho oferece um conselho valioso: a capacitação é a chave. “A principal ação é nos prepararmos cada vez mais, estarmos muito capacitados, que a oportunidade vai aparecer. E, quando ela aparecer, não serão muitas, tem que agarrar. Por isso tem que estar muito bem preparado, bem relacionado, e depois que conseguir o espaço, trabalhar duas, três vezes mais para se manter”, completou.
A missão de Jorge Castilho e de tantos outros profissionais negros no futebol vai além das quatro linhas. É uma luta diária por reconhecimento, equidade e, acima de tudo, por um esporte que reflita a diversidade e o talento de todos, independentemente da cor da pele. Que suas vozes ecoem e que o futuro do “esporte bretão” seja cada vez mais inclusivo.
Alex Braga, seu jornalista e analista esportivo, respirando competição e buscando as histórias que movem o jogo.
