Como repórter e analista focada nas intersecções entre o poder político e o mundo corporativo, Alice Drummond para o D-Taimes.
A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte se tornou palco de um movimento político estratégico com a veemente denúncia do deputado Nelter Queiroz (PSDB) sobre um suposto “rombo financeiro” e uma crise moral e política na Prefeitura de Assú. Mais do que um mero clamor por fiscalização, a fala de Queiroz revela uma intrincada teia de ambições eleitorais com vistas ao pleito de 2026, projetando um confronto direto e polarizado no Vale do Açu.
A acusação de Queiroz, proferida com palavras cuidadosamente escolhidas, tem o duplo objetivo de provocar os órgãos de controle da coisa pública a investigar as contas do município e, simultaneamente, desafiar o ex-prefeito Gustavo Soares, que já se movimenta em direção ao MDB para a próxima disputa eleitoral. Essa jogada visa não apenas expor vulnerabilidades na gestão atual ou passada, mas também cimentar a posição de Nelter como um polo de oposição capaz de reter uma parcela significativa do eleitorado regional. A polarização, se bem-sucedida, poderia até mesmo marginalizar um terceiro nome forte na região, o ex-prefeito Ivan Júnior (União Brasil), alterando drasticamente o tabuleiro político local.
Os Ventos das Eleições de 2026: Alianças e Desconhecimento do Eleitorado
A dinâmica em Assú é um microcosmo das complexas articulações que já se desenham para as eleições de 2026 no Rio Grande do Norte. Uma pesquisa recente, cujos recortes chegam à nossa redação, ilumina a fluidez e, por vezes, a desinformação do eleitorado. Dos 28% de intenção de votos para o governador Allyson Bezerra (União), quase 60% declararam intenção de votar em Lula (PT) para presidente. Essa aparente incongruência se explica pelo desconhecimento da pré-candidatura de Cadu Xavier (PT) ao governo do RN e pela influência da senadora Zenaide Maia (PSD), vice-líder do governo Lula no Senado, que é vista pelo eleitor menos esclarecido como aliada de Bezerra, apesar de ser adversária do grupo político de Allyson no estado.
É um indicativo claro de que a “marca” política de Lula tem um peso considerável, mas a comunicação e o posicionamento dos candidatos locais ainda carecem de clareza para o eleitor. O “selo Cadu de Lula” ainda não ressoa com a força necessária para que o eleitor associe Cadu Xavier como o verdadeiro representante do presidente no pleito estadual. A janela para a consolidação de candidaturas está se fechando, e a estratégia de esperar pela propaganda eleitoral pode se mostrar tardia.
Impacto Econômico e Oportunidades para o Cidadão Comum
Em meio às disputas políticas, o dia a dia do cidadão comum é diretamente impactado por decisões econômicas e administrativas. A injeção de R$ 3,65 bilhões na economia do Rio Grande do Norte, proveniente do pagamento do 13º salário, representa um fôlego financeiro importante, correspondendo a 1,1% do total nacional e 7,2% do Nordeste, com uma média de R$ 2.416,35 por pessoa. Este volume de recursos é vital para o consumo, o comércio e a estabilidade econômica local.
Adicionalmente, as quase 10 mil vagas temporárias com salários de até R$ 3.379, oferecidas pelo novo concurso público do IBGE, abrem um leque de oportunidades para profissionais de nível médio em todo o país. Com inscrições abertas até 11 de dezembro e provas em fevereiro de 2025, esta é uma chance real de inserção no mercado de trabalho ou de estabilidade para muitos.
O cenário político no RN é de efervescência e estratégia, onde as declarações públicas de figuras como Nelter Queiroz não são aleatórias, mas peças em um xadrez complexo que determinará o futuro político e econômico do estado. Minha missão, no D-Taimes, é continuar a desvendar essas dinâmicas, questionando, aprofundando e contextualizando os fatos para que o cidadão possa compreender como as engrenagens do poder movem o seu cotidiano.
