BRASÍLIA, 13 de Novembro de 2025 – Em uma reviravolta estratégica no tabuleiro político nacional, uma ala influente do Partido dos Trabalhadores (PT) defende a criação de um novo órgão dedicado ao combate ao crime organizado. A proposta, que ganha corpo nos bastidores do Planalto, busca uma liderança com “perfil à la Ricardo Cappelli”, figura que se destacou por sua atuação na segurança pública do Distrito Federal pós-8 de janeiro. A movimentação não é fortuita: pesquisa recente da Quaest aponta que a pauta da segurança pública tem se tornado um calcanhar de Aquiles para os planos de reeleição do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026.
A urgência dessa reconfiguração reflete o impacto direto na percepção popular sobre a gestão. A avaliação do governo Lula, que vinha em ascensão, estagnou após declarações do presidente que, para muitos, minimizavam a gravidade do tráfico de drogas, e a caracterização de uma megaoperação contra o Comando Vermelho como “desastrosa”. Esses episódios foram imediatamente capitalizados pela oposição, especialmente nas redes sociais, gerando um desgaste que a cúpula petista agora busca reverter com uma ação mais contundente.
A inspiração para o novo modelo de combate ao crime transita entre a recriação do Ministério da Segurança Pública – uma pasta que teve vida curta no governo Michel Temer – ou a instituição de uma secretaria autônoma, focada exclusivamente no enfrentamento às facções. Fontes do PT e do Planalto, consultadas pelo D-Taimes, indicam a busca por um líder com uma comunicação mais assertiva e combativa, capaz de não apenas dialogar com a sociedade, mas também de rebater a “guerra de narrativas” imposta pela direita.
Ricardo Cappelli, com sua reputação de interventor enérgico e com habilidade para navegar no complexo ecossistema da mídia e das redes, emerge como o arquétipo desse perfil desejado. Sua nomeação como interventor no DF, após os atos golpistas de janeiro de 2023, consolidou sua imagem de gestor linha-dura e comunicativo, características que a atual gestão parece enxergar como essenciais para resgatar a confiança na área de segurança.
A estratégia lembra a aposta em Guilherme Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência, com a missão de aprimorar a interlocução com os movimentos sociais. No entanto, a execução da ideia apresenta desafios consideráveis. Internamente, há a preocupação em não “melindrar” o atual Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, figura respeitada e recém-empossada. Ademais, a passagem de Cappelli pela gestão de Flávio Dino no Ministério da Justiça gerou resistências que persistem na pasta.
Uma das alternativas aventadas seria a criação de uma secretaria fora da órbita do Ministério da Justiça, garantindo maior autonomia e evitando fricções internas. Outra, a busca por um novo nome que, embora diferente, incorpore as qualidades de pragmatismo e combatividade de Cappelli.
O D-Taimes continuará acompanhando de perto essa articulação, que revela não apenas uma preocupação com a segurança pública, mas uma profunda reflexão sobre a estratégia política do governo em um ano pré-eleitoral, onde a percepção de eficácia no combate ao crime organizado pode definir os rumos da disputa presidencial. A questão que permanece é: será essa uma guinada real na política de segurança ou uma manobra para reequilibrar o jogo eleitoral?
