Bem-vindos ao meu espaço! Sou Alex Braga e, como analista esportivo, mergulho nas paixões e controvérsias que permeiam o universo da competição. E hoje, o “esporte bretão” nos oferece, infelizmente, mais um capítulo lamentável para nossa reflexão.
Ramón Díaz, o experiente técnico do Internacional, voltou aos holofotes, não por uma jogada genial ou uma tática inovadora, mas por uma declaração que ecoa um passado problemático. Após o empate em 2 a 2 com o Bahia, no Beira-Rio, pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro, a irritação com um gol anulado pelo VAR fez o treinador argentino perder a linha, proferindo a frase chocante: “O futebol é para homens, não é para meninas, é para homens”.
Essa não é a primeira vez que Díaz se envolve em tal polêmica. Em 2024, quando comandava o Vasco, o treinador já havia gerado repercussão negativa ao questionar a decisão de uma árbitra de vídeo, Daiane Muniz, com a infeliz colocação: “Principalmente de que o VAR seja decidido por uma mulher”. Naquela ocasião, houve uma tentativa de retratação, com o técnico alegando má interpretação de suas palavras, afirmando que sua intenção era questionar a concentração de poder em uma só pessoa na decisão do VAR, e não o gênero da árbitra. No entanto, a repetição de um comentário com teor similar após o jogo contra o Bahia lança uma sombra sobre a sinceridade de sua justificativa anterior.
É fundamental que a comunidade do futebol – clubes, federações, jogadores e torcedores – se posicione de forma contundente. O futebol, em sua essência mais pura, é um esporte de inclusão, paixão e superação. Não há espaço para conceitos arcaicos que tentam segregar ou inferiorizar. Dizer que o futebol é “para homens, não para meninas” não só desrespeita todas as mulheres que dedicam suas vidas ao esporte – sejam elas atletas, árbitras, técnicas, jornalistas ou torcedoras – como também alimenta uma cultura machista que o esporte tem lutado arduamente para erradicar.
A arbitragem, com ou sem VAR, é passível de erros. O debate sobre suas decisões é parte inerente do jogo. Contudo, a forma como críticas são expressas diz muito sobre os valores de quem as profere. A paixão pelo jogo e a pressão por resultados não podem servir de escudo para falas que perpetuam preconceitos.
O episódio de Ramón Díaz no Beira-Rio é mais um lembrete de que a luta pela igualdade de gênero no esporte, e na sociedade como um todo, é contínua e exige vigilância. Que esta polêmica sirva como um catalisador para mais discussões construtivas e, acima de tudo, para ações que garantam um ambiente verdadeiramente inclusivo e respeitoso para todos que amam o futebol.
