Pelo D-Taimes, sou Alice Drummond, e hoje mergulhamos nas águas turvas do mercado de aplicativos de delivery, onde a chegada de um novo gigante levanta sérias questões sobre as práticas comerciais e o equilíbrio de poder com os pequenos negócios.
Gigante do Delivery, Keeta Enfrenta Acusações de Práticas Abusivas em Santos: Um Alerta para o Mercado Brasileiro
A entrada do Keeta, o novo aplicativo de delivery da poderosa Meituan, gigante chinesa do setor, no mercado brasileiro prometia revolucionar a logística de entregas, mas mal completou uma semana de operação em Santos e já se vê no centro de uma tempestade de acusações. O Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Santos (Sinhores) emitiu um veemente comunicado cobrando explicações da Keeta sobre uma série de práticas consideradas abusivas e pouco transparentes.
De acordo com Arthur Veloso, presidente do Sinhores, e Gustavo Gaia, diretor de Delivery, as reclamações dos empresários parceiros são alarmantes. Dentre as denúncias, destacam-se:
- Descontos Compulsórios: Aplicação de descontos nos pedidos sem a devida autorização dos estabelecimentos.
- Falta de Transparência: Ausência de clareza nos serviços e condições oferecidas.
- Problemas Técnicos e Suporte Inadequado: Dificuldades operacionais no aplicativo e a falta de um suporte eficiente para os parceiros.
- Contratos em Idioma Estrangeiro: Documentos contratuais apresentados em outro idioma, dificultando a compreensão e a segurança jurídica para os empresários locais.
- Bloqueio de Autonomia: Restrição na capacidade dos restaurantes de editar seus próprios preços e gerenciar promoções.
- Inadimplência em Testes: Relatos de consumos realizados por funcionários da Keeta durante o período de testes da plataforma que não foram pagos.
O Sinhores classifica a postura da Keeta como “intransigente e pouco transparente”, emitindo um “sinal de alerta” sobre a chegada da empresa ao Brasil. Em um mercado já saturado e marcado por desafios para os pequenos e médios empresários, a entidade sindical promete não medir esforços para combater essas práticas, defendendo um ambiente de negócios “livre, competitivo e ético” que garanta condições justas para todos os envolvidos.
Este episódio em Santos ressalta a importância de um olhar crítico sobre a expansão das grandes plataformas tecnológicas. As promessas de inovação e eficiência não podem obscurecer a necessidade de respeito às regras de mercado, à autonomia dos parceiros e, acima de tudo, à ética corporativa. Como repórter e analista, vejo neste caso um microcosmo das tensões entre o poder global das corporações e a resiliência dos negócios locais, um desafio que exige não apenas a atenção dos sindicatos, mas também das autoridades reguladoras.
A Keeta foi procurada para se manifestar sobre as denúncias, mas até a publicação desta reportagem, não houve retorno. O D-Taimes mantém o espaço aberto para que a empresa apresente sua versão dos fatos.
