Bem-vindos ao meu espaço! Alex Braga na área, e hoje mergulharemos em uma estratégia ousada que vem da China, um país que respira competição, mas que no futebol tradicional, enfrenta um caminho de decepções. A bola agora não rola no gramado, mas sim nas telas, em uma aposta massiva nos eSports de futebol.
Do Sonho Olímpico à Realidade Virtual:
A paixão chinesa pelo futebol é inegável, com o próprio presidente Xi Jinping sonhando em sediar e até vencer uma Copa do Mundo. No entanto, a realidade tem sido amarga: a seleção masculina amarga a 93ª posição no ranking da Fifa e está fora da Copa de 2026. Diante de tantos fracassos, a Associação Chinesa de Futebol (CFA) encontrou um novo campo de batalha: o futebol virtual. A iniciativa é clara: formar uma seleção própria de eSports de futebol, com a esperança de trazer para o país a glória que o “esporte bretão” em sua forma tradicional não conseguiu.
Jovens talentos como Zhao Yitang, de 21 anos, são a face dessa nova era. Zhao, que sempre sonhou em representar a China, agora o faz com um smartphone nas mãos. Ele alcançou a segunda posição no campeonato de “eFootball” em Tóquio, o melhor resultado internacional do país no game conhecido anteriormente como Pro Evolution Soccer (PES ou Winning Eleven), que, junto com “EA Sports FC Online”, domina o cenário. A CFA já anunciou que sua equipe competirá em breve em eventos organizados pela Fifa e pela Confederação Asiática de Futebol.
O Ouro Virtual Tem o Mesmo Brilho?
A China é uma potência no mercado de videogames, com jogadores de alto nível em diversas modalidades de eSports. Mas nem tudo são flores no mundo do futebol virtual. A profissionalização, e principalmente a lucratividade, ainda estão em estágios iniciais. Enquanto estrelas de “League of Legends” ou “Dota 2” podem ostentar salários de sete dígitos e acordos de patrocínio milionários, a realidade no eSports de futebol é bem diferente.
“É difícil ganhar a vida jogando profissionalmente em tempo integral”, revela “Mônaco”, um ex-jogador profissional que prefere usar um pseudônimo. Ele estima que, mesmo vencendo todos os torneios, um jogador ganharia cerca de 70.000 yuans chineses (aproximadamente R$ 52,2 mil) anuais antes dos impostos, sem um salário base fixo. Uma cifra modesta quando comparada aos pares de outros eSports. Pan Shuyin, gerente da divisão de eSports do Changchun Yatai, um dos poucos clubes da Superliga Chinesa a investir consistentemente na modalidade, concorda. “Provavelmente apenas 10 pessoas em toda a China podem viver de jogar” eSports de futebol, afirma Pan, destacando que muitos clubes desmantelaram suas equipes por considerarem um investimento sem retorno imediato.
A justificativa para a menor exposição e valor comercial, segundo Pan, é a “barreira de entrada mais alta”, já que o futebol virtual exige conhecimento do futebol real, algo que o clube de Pan tenta usar para atrair jovens fãs.
Apesar dos desafios financeiros, a ambição chinesa é clara. O eSports, inclusive o de futebol, já foi evento com medalha nos Jogos Asiáticos de 2023. Resta saber se essa estratégia inovadora de trocar o gramado pelo joystick trará a tão sonhada glória esportiva e, mais importante, se conseguirá superar os desafios econômicos para criar um ecossistema sustentável para seus talentos virtuais. O mundo do esporte, seja ele real ou virtual, está sempre em movimento, e a China está disposta a liderar essa nova partida.
