Rosier Alexandre: A Ascensão de um Engraxate ao Everest e o Poder Inabalável da Não Desistência
Em um mundo que muitas vezes nos diz para desistir antes mesmo de tentar, a história de Rosier Alexandre surge como um farol de resiliência e propósito. O ex-engraxate do sertão cearense, que desafiou todas as probabilidades para se tornar o primeiro nordestino a escalar o Monte Everest, agora compartilha sua jornada transformadora no documentário “O Engraxate que Escalou o Everest“. William Rossi mergulha nesta narrativa, filtrando o ruído para extrair os insights acionáveis sobre a arte de viver bem.
Do Sertão ao Topo do Mundo: Uma Trajetória de Fé e Disciplina
Nascido em um humilde casebre de taipa em Monsenhor Tabosa, no Ceará, a infância de Rosier foi marcada pela seca e pela pobreza. No entanto, sua visão ia muito além da “curva da estrada” que, para muitos, definia o limite do mundo. Foi essa inquietude que o impulsionou a buscar um destino diferente, longe do automatismo de uma vida sem sentido.
A decisão de Rosier de escalar o Everest não foi um capricho, mas um reflexo profundo de autoconhecimento. “A montanha apareceu como um espelho: ela me mostrou quem eu era e quem eu ainda podia ser”, revela ele. Durante doze anos de preparação intensa e três expedições, Rosier personificou a verdade de que “o dinheiro que o pobre não tem não pode ser desculpa pra ele não sonhar”. Sua filosofia era clara: não pedia ajuda, oferecia valor através de palestras e parcerias, provando que o sonho precisa ter trabalho por trás.
As Lições do Everest: Respeito, Reflexão e o Verdadeiro Cume
A escalada do Everest é mais do que uma proeza física; é uma batalha mental e espiritual. Rosier descreve o ar rarefeito, a luta a cada passo, e a montanha que “não perdoa quem vacila”. Ao alcançar o cume em 20 de maio de 2016, a sensação não foi de euforia, mas de uma profunda calma e a consciência de que a verdadeira vitória estaria em descer vivo – afinal, 80% das mortes ocorrem na descida. “A montanha não quer ser conquistada, ela quer ser respeitada”, sintetiza Rosier.
A experiência no Everest também o confrontou com a fragilidade da vida, testemunhando tragédias e corpos congelados. Essas vivências intensificaram seu entendimento sobre o que realmente importa, solidificando a mensagem central que ecoa em seu documentário: “Minha história não é sobre montanha. É sobre não desistir. É sobre o poder da fé, da disciplina, do trabalho.”
O Documentário: Um Retrato Fiel da Alma e o Poder da Música
Dirigido por Ian Ruas, o documentário “O Engraxate que Escalou o Everest” é um testamento à autenticidade. Rosier insistiu em uma narrativa fiel à sua vida, com “verdade, suor e emoção”. A parceria com Ruas, que acreditou na história quando era apenas um sonho, resultou em um filme que é “um retrato fiel da minha alma”.
A obra, que conquistou o prêmio de Melhor Filme pelo júri popular no Rio Mountain Festival, é enriquecida por uma trilha sonora emocionante. A música-tema, uma nova versão de “O Condor” de Oswaldo Montenegro, adiciona uma camada poética à narrativa. A história de como Rosier, um fã incondicional, conseguiu a colaboração de Montenegro é um capítulo à parte, demonstrando mais uma vez seu poder de persistência.
O Novo Everest: Inspirar e Transformar
Hoje, Rosier Alexandre atua como consultor organizacional e palestrante, dedicando-se ao alpinismo como hobby e ao “Projeto Sete Cumes”, com o objetivo de escalar a montanha mais alta de cada continente. Mas seu “novo Everest” é outro: quer que sua história alcance a todos que precisam ouvir, que inspire e mostre que o impossível é apenas o que ainda não foi tentado.
Com a serenidade de quem já enfrentou o frio e o medo, Rosier resume sua jornada: “O sertão me ensinou a resistir. A montanha me ensinou a persistir. E a vida me ensinou que não existe sonho impossível, só gente que desiste antes de tentar.”
Como seu curador, William Rossi destaca que esta é uma lição fundamental sobre bem-estar, propósito e a incessante busca por uma vida plena. É uma celebração do extraordinário no ordinário, e um lembrete de que, com fé, disciplina e trabalho, podemos escalar nossos próprios Everests, sejam eles quais forem.
